Tem efemérides destinadas apenas para o gáudio, para aumentar o faturamento dos meios de comunicação de massa – a popular mídia – e outras para matutar.
Bretton Woods é setentão neste julho quando o mundo do lado de cá se juntou para se organizar financeiramente. Apenas um mês antes do dia D e um ano antes da Fortaleza Voadora Enola Gay lançar uma bombinha desorganizadora sobre Hiroxima e Nagasaki. Combinaram tudo que havia de ser feito naquela aprazível estância de New Hampshire. Todos os que importavam estavam lá no spa Mount Washington sob a batuta do trêfego Lord Kaynes e, inclusive, com um selecionado brasileiro cheio de neymares como Euvaldo Lodi, Gouveia de Bulhões e Roberto Campos.
Será que Bretton Woods já sabia de antemão quem ficaria com a taça da Segunda Guerra Mundial cuja final só ocorreu em 1945?
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Disco de vinil ganha cada vez mais espaço em crescentes segmentos; papel, que iria acabar com o advento da www, não acabou e tem muitos profissionais e amadores revelando película fotográfica. Dia desses um ativista negro recusou ser minoria, pois a negritute e mulatice são maioria por aqui e tascou o pau na tal afrodescendência. Disse que negro é raça e preto é cor. Tipo pode me chamar de negro, pô.
Vislumbra-se esperança verde para o politicamente incorreto e para os fumantes?
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Eufemismo é tirar o corpo fora, tipo desculpe o mau jeito. Força excessiva, portanto, é o cacete.
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Gosto muito de tudo que Ariano escreveu. Em teatro, quase tudo, tirante A Bomba da Paz.
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Na assimetria dos parceiros do Mercosul, encangada agora com a heterogeneidade dos BRICS, o quase morto Banco do Sul será agência do Banco Mundial dos emergentes? A China ainda não emergiu? Qual é a do BNDES nessa invenção? Sei lá, não sei não, a mangueira é tão grande que não cabe explicação.
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Carlos Caetano Bledorn Verri, o que não falava, mas fala e Gylmar dos Santos Neves, o fechava entre as traves e não abre as burras, convocaram Mauro da Silva Gomes, o inesquecível Mauro Silva, volante de respeito para ser um “assistente ser convocado” na Nova Seleção. Ele declarou que não sabia o que isso seria, mas topou. Esse escrete está tão pontual que parece mais reticências.
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Na de robôs foi pior: Alemanha, Onze, Brasil, Zero, na Copa Robôtica da Paraíba. Comissão Técnica de Uberlândia. Para a próxima melhor convocar um startup de Ijuí, RS, no caso do Porto Digital, Recife, PE. não topar essa parada
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Amigo David, não foi Ariano quem escreveu “A Bomba da Paz”, e sim Hermilo Borba Filho. Ambos se afastaram do MCP, e Ariano declarou numa entrevista que Hermilo lhe propôs escrever uma peça contra o movimento, a que ele se recusou. Hermilo, então, assumiu a tarefa.
O caso eu conto do jeito que me lembro e vi, estarrecido, no Teatro de Arena, na Conde da Boa Vista. Hermílo dirigiu e depois fez uma retratação. Agora, só perguntando a Led`alves.
A ditadura, a redemocratização e o adotado socialismo empurraram aquele vacilo para o olvido. Bobagem. Não cabe comissão da verdade nem caça às bruxas sobretudo porque todos foram redimidos pelo resto de suas histórias.
De acordo. O episódio, aliás, está no livro de Germano Coelho sobre o MCP, que comentei em artigo. Elegantemente, Germano não diz nada sobre as motivações de Hermilo para o rompimento e o ataque, através da peça.
Caros David e Clemente:
Tomo a liberdade de me intrometer na conversa de vocês para afirmar que a peça A bomba da paz é de autoria de Hermilo Borba Filho, como observa Clemente. A peça foi motivada por desavenças entre Hermilo e Germano Coelho. Mais precisamente: luta por poder na esfera da política cultural da época. O caso está bem documentado, ou ficcionalmente recriado, no romance Deus no pasto, de Hermilo. O romance tem forte viés autobiográfico e nesse sentido é muito importante como um documento da situação política e cultural de Recife à época do golpe militar de 1964. Hermilo praticamente renegou a peça frisando, no romance, haver sido um grave erro ideológico.
Não posso dizer que o apressado come cru. Passei uns cinquenta anos engolindo em seco gatos por lebres. O que dá mais indigestão é que, anos atrás, comentei a autoria da peça com pessoas que deveriam saber das coisas e moitaram. Fica combinado assim: gosto de tudo o que Ariano escreveu, sem tirantes e, como o digno Hermilo, faço mea culpa, mea máxima culpa Ideo precor oratores Excusate, solicitando a revisão do meu latinzinho por Juracy Andrade.