Eduardo Campos não era apenas mais um candidato a presidente da República. Ele era a única novidade no quadro político nacional dominado pela velha e radical polarização entre PT e PSDB. Bastava isso para afirmar que sua morte deixa um enorme vazio na política brasileira e que deve se manifestar na campanha eleitoral. Mais ainda quando se trata de governar o Brasil nos próximos anos. Tudo indica que estes serão tempos muito difíceis e que vão exigir medidas duras na gestão macroeconômica e na orientação microeconômica, para recuperar os fundamentos e melhorar o ambiente de negócios. O Brasil demanda também reformas estruturais que elevem a competitividade e a produtividade da economia brasileira indispensáveis para a retomada do crescimento econômico. Estes enormes desafios numa economia desorganizada e numa sociedade carente de serviços públicos de qualidade exigem qualidades diferenciadas do futuro presidente da República que, em grande medida correspondia ao estilo e capacidade de Eduardo Campos: grande negociador político com especial facilidade de entendimento e convencimento da sociedade e dos partidos políticos, com transito e capacidade de entendimento com os dois grandes partidos (PT e PSDB), e coragem política para tomar decisões ousadas e mesmo impopulares se entender como necessárias. O futuro presidente do Brasil terá que demonstrar capacidade e disposição para negociar com os adversários e com os diferentes setores da oposição e vai precisar de grande competência para convencimento da sociedade das reformas econômicas e sociais. Eduardo Campos enfrentaria uma oposição menos radical e destrutiva, que dificultam a governabilidade, e teria mais facilidade para desarmar os ressentimentos acumulados na disputa pelo poder.