A questão Palestina se arrasta desde a criação do Estado de Israel como o principal fator de instabilidade e conflitos no Oriente Médio. Explosões periódicas de violência, atos terroristas e invasão territorial com a morte de civis, marcam a história desta região e realimentam o ódio entre os povos semitas, árabes e hebreus. A escalada de violência destas últimas semanas, culminando com a lamentável invasão da Faixa de Gaza pelo exército de Israel, parece demonstrar a impossibilidade de um acordo político para a questão palestina, dominada pela intolerância de lado a lado. E, no entanto, em 1993, com a assinatura dos Acordos de Oslo, o caminho da paz estava devidamente pavimentado e legitimado pelas lideranças fortes de Yasser Arafat, líder da OLP-Organização da Libertação da Palestina, Yitzhak Rabin, primeiro ministro de Israel. Este entendimento, que levou à retirada das tropas israelense de Gaza e da Cisjordânia e formação Autoridade Palestina, teve um patrocinador com poder de influência decisivo na região: o presidente Bill Clinton, dos Estados Unidos, país do qual Israel tem uma clara dependência diplomática, militar e econômica. Os radicais dos dois lados, que perdem com a paz, trataram de implodir o acordo, começando com o assassinato de Rabin por um judeu fanático. Onde está o Presidente dos Estados Unidos, agora que o Hammas e o Estado de Israel trocam misseis e que o exercito israelense invadiu a Faixa de Gaza? Tímido, vacilante, tendencioso. Presidente Obama, o senhor poderia e deveria intervir como moderador ativo e poderoso para forçar o cessar fogo imediato, a retirada das tropas de Gaza e a retomada das negociações que restaurem os Acordos de Oslo. Sim, Mr Obama, o senhor ainda pode!
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De fato, a política externa deste presidente americano é apenas o antagonismo da anterior, não atende ao interesse dos cidadãos dos EUA que, no longo prazo, vão perder na medida em que sua diplomacia renuncia ao protagonismo que têm direito, seja pelo tamanho da economia ou da capacidade militar. De resto, perde o mundo todo porque os americanos, além dos seus interesses econômicos, lideram a reação das sociedades que alcançaram a revolução francesa contra as sociedades que ainda não aceitaram a liberdade como valor humano superior. Ao inferno com o relativismo cultural!
Com humildade, porém, reparo este editorial em poucos pontos:
1) A questão Palestina como o PRINCIPAL fator de instabilidade e conflitos no Oriente Médio.
Exceto em atenção na mídia ocidental, não há outro critério que sustente esta frase. Em quantidade de mortos e feridos, a questão palestina é insignificante. Nos últimos 70 anos, as guerras no Oriente Médio não relacionadas a Israel mataram DEZENAS DE MILHÕES. O conflito de árabes e judeus não chegou a CEM MIL, um número trágico para quem está diretamente envolvido, mas pequeno comparada àquele outro.
Em impacto econômico, a grande consequência foi o choque do petróleo de 1973, em que a Guerra do Yom Kipur foi apenas o gatilho de um aumento inexorável do preço de uma comodity cja produção era facilmente manipulável por um cartel. Fora disso, conflitos que envolveram o Estado Judeu perturbaram muito pouco a economia mundial.
Em deslocamento de populações e desastre ambiental, Irã-Iraque e a atual guerra civil da Síria são 2-3 ordens de grandeza maiores, sem falar de tudo que Jordânia e Síria fizeram com os próprios palestinos no passado.
Em suma, ainda estou para entender porque o conflito entre judeus e árabes nos últimos 70 anos na Região da Palestina chama tanto mais atenção que outros conflitos maiores, mais cruéis e com maior impacto na paz e na economia mundial.
Por exemplo, o que nós estávamos fazendo que não nos manifestamos quando houve matanças de centenas de milhares de pessoas no Sudão na década passada? Não me perdôo por isso!
2) O ACORDO DE OSLO não morreu com Rabin. A fundação do Estado Palestino não aconteceu apenas porque Arafat não quis entrar para a história como o sujeito que cedeu a terra ao inimigo, ele fomentou e financiou a intifada (vi os documentos da doação de recursos da Autoridade Palestina para as facções armadas). Lembrem-se que Shimon Peres estava no poder quando uma onda de atentados terroristas explodiu ônibus, restaurantes e mercados em Israel. Ele mesmo, Peres, o que apertou a mão de Arafat junto com Rabin, o esquerdista amigo de Mário Soares, Miterrand e aquela turma boa toda. No governo dele Israel foi atacado, ninguém estaria mais preparado que ele a trocar terra por paz. Bem, talvez, Ehud Barak, discípulo dele que também tentou e todos vimos como acabou.
3) Sobre INVASÃO TERRITORIAL COM MORTES DE CIVIS.
É triste admitir, mas não conheço outra ação para Israel neste momento que não seja entrar em Gaza e destruir os túneis e os arsenais. Os túneis foram utilizados em alguns atentados e seriam utilizados para um atentado em grande escala no Rosh Hashana (próximo mês) em que morreriam milhares de civis do Sul de Israel. Assim disseram os terroristas do Hamas. Os mísseis vinham sendo usados há anos para aterrorizar a população israelense lançados a partir de de prédios civis protegidos por escudos humanos. Como impedir estes atentados sem ir até lá? Se alguém tiver outra solução, estou seguro que o governo israelense, “radical” ou não, estará interessado. No mínimo, porque entrar em Gaza resultou na morte de mutos soldados e a sociedade israelense é extremante sensível a isso. Cada um deles virou páginas de jornais e programas de tv. De resto, a sociedade israelense também é muito sensível a morte de palestinos, quem viu o noticiário assistiu às manifestações. Neste momento, porém, a destruição dos tuneis tem apoio de 95% da população, inclusive da metade que odeia o atual governo. Por um simples fato: medo.
Nós, ocidentais, achamos que tudo podia ser resolvido com diálogo. Por que não fundar logo mais um Estado Palestino na faixa de Gaza e na Margem Ocidental do Rio Jordão? Isto resolveria tudo. Alguém se importou em ler o que escrevem o Hamas, Hizbollah, Jihad Islâmica? Surpresa: eles não concordam! Se não for para destruir Israel, não tem acordo.
Ismar:
Você ajudou muito a esclarecer pontos importantes do conflito que. para nós, que estamos distantes, sempre temos a tendência a ficar do lado do mais fraco. Vi na BBC em entrevista com um ex-ministro da defesa de Israel, do outro lado uma competente repórter tentando acuá-lo mostrando as mortes de civis. Ele desafiou qualquer país a agir de forma diferente, denunciando que o Hamas usa ambulâncias para carregar mísseis, hospitais e escolas como quartel e, mesmo Israel comunicando onde vai atacar, eles retem os civis como reféns, impedindo sua evacuação.
É vergonhoso assistirmos o comportamento dos USA ¨democrático¨, que elegeu um negro dizendo ¨YES, WE CAN…¨ patrocinando uma carnificina como esta que se assiste na Palestina. A representante da ONU para Direitos Humanos escancarou a estupidez e insanidade americana ao denunciar a armamento incondicional, ilimitado, e intenso de Israel pelos USA. Que país democrático é este? Defende o direito inalienável de Israel sobreviver? E o direito dos Palestinos existirem, porque não os defende? Pouco importa se o Hamas é terrorista, islamista, partidário de Bin Laden, ou o que valha. Entre com seus soldados em Gaza, se exponham, lutem soldado contra soldado, mas não dizimem uma população. Não sufoquem um povo.
Eduardo Galeano (http://www.pragmatismopolitico.com.br/2012/11/eduardo-galeano-israel-gaza-direito-de-negar-todos-os-direitos.html) pergunta: Quem deu a Israel o direito de negar todos os direitos? E Guilherme Boulos, jovem ativista paulista, comenta na Folha de SP de ontem (31.07.14) : ¨Caminhamos neste momento em Gaza para o maior genocídio do século 21. E há os que insistem no cínico argumento do direito à autodefesa de Israel. Quem ao longo da história sempre atacou agora vem falar em defesa?
Tudo isso perante a passividade complacente da maior parte dos líderes políticos do mundo. O Brasil limitou-se a chamar o embaixador para esclarecimentos. Foi chamado de “anão diplomático” pelo governo de Israel e nada respondeu. Romper relações políticas e econômicas com Israel é uma atitude urgente e de ordem humanitária.
A hipocrisia chega ao máximo quando acusa os críticos do terrorismo israelense de antissemitas. O antissemitismo, assim como todas as formas de ódio racial, religioso e étnico, deve ser veementemente condenado. Agora, utilizar o antissemitismo ou o execrável genocídio nazista aos judeus como argumento para continuar massacrando os palestinos é inaceitável.
É uma inversão de valores. Ou melhor, é a história contada pelos vencedores. Como disse certa vez Robert McNamara, Secretário de Defesa dos Estados Unidos durante a Guerra do Vietnã, se o Japão vencesse a Segunda Guerra, Roosevelt seria condenado por crimes de guerra contra a humanidade e não condecorado com títulos e bustos pelo mundo. A história é contada pelos vencedores.
É possível que Benjamin Netanyahu, comandante do massacre em Gaza, ainda receba o Prêmio Nobel da Paz. E que os palestinos, após desaparecerem do mapa, passem para a história como um povo bárbaro e terrorista.¨
Afrânio,
De que “carnificina” você está falando? Por que a Israel se exige a obrigação de lutar homem a homem e não a qualquer outro estado? Por que desde a primeira guerra mundial o uso de aviação é aceitável em todas as guerras menos em Israel? Aliás, uma invasão massiva israelense em Gaza terminaria com metade da população da Faixa, graças a Deus Israel faz uma guerra cuidadosa, poupando até o limite dee arriscar a vida dos seus próprios soldados a vida dos civis.
Em vista dos mais de DUZENTOS MIL MORTOS na Síria com uso de armas químicas pelo Regime de Assad e também por seus inimigos, como um conflito de menos de 2000 mortos pode ser “o maior genocídio do século”? Seria ignorância ou má-fé afirmar isso?
Não é a toa que as acusações de antissemitismo pipoquem: quando se exige do Estado Judeu muito mais que se exige de qualquer outro é que se caracteriza o antissemitismo.
Por exemplo: você tem pedido para o Brasil romper relações com a Síria, com a Rússia, com a China, com o Sudão? Populações civis foram dizimadas por estes países recentemente. Por que romper relações com Israel, que tanto tem contribuido com tecnologia para a agricultura nordestina, para a medicina nos hospitais brasileiros, para a segurança da copa?
Chavões e frases feitas não trarão a paz. O reconhecimento ao direito de autodeterminação do povo judeu é o único caminho para a criação de um Estado Árabe na Palestina. Governos de direita e esquerda em Israel já declararam abertamente o apoio à solução de dois-povos-dois-estados. Radicais em Israel que não apoiam essa solução são minoria controlada pela dinâmica democrática. Só falta a Autoridade Palestina conseguir controlar seus radicais. E o resto do mundo pressionar o ponto correto nesta engrenagem: quem sustenta os radicais palestinos o faz por interesse político. Se parar o fluxo, teremos um problema a menos no Oriente Médio. Aí vamos nos preocupar com os curdos, beduínos e outros povos de fato oprimidos.
afranio parabems, devíamos já termos cortado relações com os judeus! e mais também com esse governinho que vem promovendo guerras em todo mundo so quem utilizou a bomba hatomica ate agora foi ele e nunca respondeu por crime de guerra,o Obama disse ontem que e o mais poderoso do mundo ele esqueceu de falar que perdeu a guerra do vietña e mais esta perdendo a guerra financeira para o mundo a maior divida hoje e dos norte americanos
Penso no uso do soft power por Israel. País com reconhecidos valores intelectuais e políticos. Lembro da presidente Golda Meir, da filósofa Hannah Arendt. Lembro do primeiro ministro Ytizhak Rabin e do violinista Ityzak Perlmann.
Por que as lideranças de Israel não utilizam o soft power para resolver a situação conflituosa que se instalou por lá ? Donas de poderio militar incontrastável na região, desenhariam proposta de paz que incluísse o pós guerra. Paz é pós guerra.
Por uma razão muito simples: os radicais islâmicos só aceitam um pós guerra: aquele em que não exista Israel. Enquanto houver países como o Irã e Qatar dispostos a financiar o terrorismo dar apoio diplomático a eles, pessoas antissemitas dispostas a achar um meio oblíquo de destilar seu ódio pelos judeus e antiamericanos doentios que odeiem tudo que os EUA apoiem, independentemente do que for o outro lado, não há como ter um SOFT power. O terror não dialoga, e isso exige que se fale a língua dele, infelizmente.
Bom debate. A Revista Será cumpre seu papel de estimular a reflexão e o debate de ideias, observando os temas por diferentes óticas e com argumentos. Mesmo sabendo que é difícil, seria preferível que alguns dos debatedores moderassem nas emoções e expressões raivosas que não ajudam no conhecimento e no entendimento da realidade. As frases carregadas de emoção como identificar a invasão de Gaza como “o maior genocídio de século 21” confunde mais que esclarece a realidade e a complexidade da questão. Vale sempre lembrar que a Cisjordânia congrega a maioria da população de palestinos (2,7 milhões contra 1,8 milhões na Faixa de Gaza) e que não está sendo atacada e conserva a estrutura de poder da Autoridade Palestina com líderes mais moderados e dispostos à negociação que os grupos que controlam Gaza.
Penso que o editorial da Revista Será está certo quando considera que o Estado Israel continua sendo o principal fator de instabilidade no Oriente Médio mesmo considerando a enorme proporção das guerras entre países árabes e os violentos nestes. Por que?
Independente da proporção de mortos nos conflitos (e Ismar Kaufman tem razão quando mostra os números da Síria e da guerra entre Irã e Iraque muito superiores ao atual conflito), a presença do Estado de Israel parece ser o único fator unificador dos povos árabes que precisam de um inimigo comum e externo para seu próprio poder interno. Com certeza, a maioria dos países árabes não tem interesse numa solução pacífica e alimentam os grupos radicais dos palestinos, o que torna mais difícil a negociação de paz na região. Se este inimigo, além do mais, se identifica com uma religião diferente daquela que domina no mundo árabe, concedendo um componente religioso ao conflito, melhor ainda para os árabes. E é claro que são estes países que financiam os movimentos mais radicais porque não querem uma solução pacífica. Por outro lado, não podem ser minimizados os conflitos que decorrem dos múltiplos assentamentos de refugiados palestinos nos países vizinhos, estes também fator de instabilidade regional.
Considerar que a presença do Estado de Israel na região é um fator importante de conflito e instabilidade não pode ser entendido como a negação do direito da sua existência neste território que faz parte da história do povo hebreu e foi legitimado pelas Nações Unidas. Mas negar esta importância também não ajuda a compreender melhor a problemática e, portanto, encontrar as soluções. Acho que Yasser Arafat teve um gesto de estadista, tanto quanto Rabin e Shimon Perez, quando negociou um tratado que preparava a convivência entre dois estados na região. Mas o líder dos palestinos não podia ignorar os grupos radicais que se alimentam do ódio histórico entre os dois povos e posso imaginar que cedia aos grupos radicais do mesmo modo que Perez deve ter feito com os radicais isralentes, com mais razão ainda os palestnos por não terem uma cultura democrática para discussão de soluções, como tem Israel. Que eu saiba, a segunda Intifada só foi iniciada seis anos depois da morte de Rabin que abriu um período de difíceis negociações para implantação dos acordos de Oslo.
Tudo isso parece mostrar a enorme complexidade da questão e as grandes dificuldades para se construir um acordo, como estivemos tão próximos com os acordos de Oslo. Por isso, todos os países, como o Brasil (não é uma potencia mas também um anão diplomático) pode/deve se juntar aos países com real interesse na solução do conflito. O que estaria na direção contrária à sugestão de Nelson Marinho de cortar relações com Israel. Se alguém quer ajudar, tem que manter relações com os dois lados, com uma diplomacia sem prejulgamentos, mesmo que o governo atual tenha suas preferências. Vale ressaltar que o Itamaraty representa a nação e o Estado brasileiros e não o governo do momento, embora o ministro seja membro do governo.
Sergio
Infelizmente, Sérgio, tenho que discordar. Os conflitos no mundo árabe (e muçulmano, em geral) não desaparecerão se Israel, num passe de mágica sumir do mapa. Não foi Israel o responsável pela Guerra Civil da Argélia; nunca dependeu de Israel a ambição territorial da Síria sobre o Líbano e todos os desdobramentos disso; Israel não teve nada a ver com o genocídio de Darfur; Israel não provocou a Guerra IrãxIraque; Israel não interferiu na invasão do Kuwait e na subsequente Guerra do Golfo (mesmo tendo levado uns mísseis Scud na cabeça); Israel não interferiu na Primavera Árabe e nem na derrubada do governo eleito no Egito; Israel não interfere no desejo dos curdos de ter seu próprio país; Israel não tem nada a ver com a Guerra na Síria; Israel não tem qualquer envolvimento nas confusões na Somália; Israel não se envolve nos conflitos no Yemen; Israel não estava envolvido no assassinato do Rei Faiçal; Israel nunca usou armas químicas contra seus inimigos (nem, obviamente, contra os seus cidadãos); Israel tem armas atômicas, mas não as usa para intimidar outros países; Israel não é o culpado de não existir um estado palestino – lembre que os judeus aceitaram a partilha da Palestina em 1947, os árabes é que não aceitaram e, depois da Guerra de Independência, os territórios onde se imagina que futuramente será estabelecido o estado palestino ficaram em mãos árabes por 19 anos e o estado não foi criado, não por culpa de Israel.
É impossível fazer este debate sem abordar a questão da ocupação da Palestina pelos judeus. Houve uma OCUPAÇÃO, uma expulsão dos palestinos de suas terras pelas armas. Há uma EXPANSÃO absurda atualmente desta ocupação. Há um DOMÍNIO e USURPAÇÃO (roubo) escancarado das riquezas palestinas pelos judeus, não há como esconder. A água da região é da Palestina, mas os exércitos de Israel a controlam.
Posto isso, podemos discutir a questão do Hamas e qualquer outra coisa. Pouco me interessa comparar esta guerra com a Irã/Iraque, Siria, Vietnam, Cambodja, seja lá o que for. Estamos discutindo a de IsraelxPalestina, ou seja, IsraelxPovo Palestino. O caráter islamita do Hamas é outra coisa – este grupo terrorista aproveita a revolta do povo pela ocupação que sofre, para impulsionar sua cruzada religiosa. No entanto, esta ação do Hamas não anula e revolta palestina – Israel é um país colonialista, usurpador, assassino. Se os palestinos (Hamas, OLP, FPLP, o quem quer que o seja) enviarem uma bomba poderosa sobre um edifício em Tel Aviv, e matarem 20 crianças, Israel laçará uma (das 200 que tem) bomba atomica em Gaza ou na Cisjordania.
Israel só admite um Estado Palestino desarmado – ele, é claro, poderá ficar armado! Poderá a qualquer momento invadir novamente a Palestina.
Se é condição (pasra a paz) para Israel que o Hamas e todos os movimentos palestinos o aceite como Estado, devia ser tambem uma condição que Israel devolvesse TODAS as terras e bens que usurpou e usurpa dos palestinos. A Justiça não é aquela que Israel quer, mas que a humanidade estabelece.
Não há nem por onde começar a responder tal conjuto de maluquices, tão desconectadas da história, da geografia e dos fatos prsentes. É tanto ódio, que as ideias ficaram embotadas…
De alguém que se esforça para ter uma opinião equilibrada sobre esse tema, aqui vão: uma pergunta, uma comparação e uma única afirmação.
A pergunta: se o objetivo de Israel, com tudo isso, é preservar-se como Estado – o que é mais que justo – por que, ao longo dos anos, tem constantemente ampliado o seu território, para todos os lados, com novos assentamentos em terras ocupadas pelos palestinos, além dos espaços conquistados nas guerras, a ponto de seu território hoje ser bem maior do que o que lhe foi destinado na memorável assembleia das Nações Unidas, no pós-guerra?
A comparação: Hitler, para punir os tchecos pela morte de seu favorito Heydrich, comandante nazista naquele país, por dois comandos da resistência, mandou arrasar a cidade de Lídice e fuzilar todos os seus 600 habitantes – homens. Poupou as mulheres e as crianças. Israel, hoje, para vingar seus jovens assassinados, ao bombardear edifícios em uma cidade densamente povoada, sabe que pode matar mulheres e crianças, e assume tal risco, configurando um caso típico de “dolo eventual”, previsto nas leis penais. O balanço das duas situações pode ajudar no juízo de moralidade em relação ao que ocorre agora.
A afirmação: não há solução militar para o problema Israel-Palestina. Nem os palestinos vão, algum dia, varrer para o mar o Estado de Israel, como pretendem os árabes mais radicais, nem Israel vai exterminar todos os palestinos, como parece ser a intenção da sua extrema direita. A única solução para o impasse é POLÍTICA, através de mútuas concessões, entre os moderados dos dois lados.
A PERGUNTA: Esse tema territorial é o mais fácil de ser resolvido e não foi nem será o impedimento à paz. Israel devolveu o Sinai ao Egito (2 vezes conquistado em guerras iniciadas pelo Egito). O Sinai é maior que Israel inteira e foi devolvido com toda a infraestrutura construída por Israel. Populações judaicas foram retiradas pelo governo de Israel em troca de indenizações e também a força. Israel desmantelou a força suas 21 colônias em Gaza e entregou o Governo de Gaza à Autoridade Palestina em 2005. Israel já negociou acordos de trocas de terra (“land swap”) com a AP para compensar os 9,2% do território da Cisjordânia que deverá ser anexado no tratado final de paz. Sou contra os assentamentos na Cisjordânia, assim como boa parte da população israelense também é, mas estamos tratando de uma área aproximadamente do tamanho de Recife + Jaboatão, muito pouco perto dos 92 mil Km2 da Jordânia, por exemplo, onde os palestinos são metade da população.
A COMPARAÇÃO: inaceitável já que Israel não atira em Gaza para punição coletiva e sim para acertar as bases de lançamento de foguetes. Se tivesse intenção de matar, o exército de Israel teria péssima pontaria porque em quase 4000 ataques, matou gente em menos de 1000 deles. Lembre-se que Israel continuou enviando comida, remédios, combustível e recebendo habitantes de Gaza em seus hospitais por todos esses anos, inclusive nessas semanas de guerra. Quanto às leis penais internacionais, quem se protege atrás de escudos humanos é responsável pela morte desses, conforme a Convenção de Genebra. Essa reiterada tentativa de encontrar paralelos entre Israel e a Alemanha Nazista é uma tentativa inútil de baixar os altíssimos padrões morais de uma democracia ocidental. Isso é desnecessário, a legitimidade de Israel não vem do holocausto e a legitimidade da criação do Estado Palestino independe de quão opressor seja Israel.
A AFIRMAÇÃO: 100% correta, não há solução militar. Os moderados de cada lado devem ser capazes de anular os seus radicais.
Calma, Clemente: 1) Israel jamais teve a intenção de “exterminar” palestinos; mesmo os “falcões” mais radicais não falam nisso (alguns falam em um só estado, com palestinos com menos direitos, ou a expulsão dos palestinos, ninguém fala em extermínio); mas pode ficar tranquilo, pq esses radicais jamais teriam condição de assumir o comando do governo de Israel, pela simples razão que são muito minoritários. No caso árabe a coisa é diferente: Há governos de países importantes, como o Irã, que falam explicitamente em exterminar a “entidade sionista”. O Egito, no tempo de Nasser falava em “jogar os judeus ao mar” e a Liga Árabe em 1967 numa reunião em Kartum aprovou uma resolução que ficou conhecida como “Os 3 Nãos”, que seriam Não à paz com Israel, NÃO ao reconehcimento de Israel e NÃO à negociação com Israel. Quando o Egito fez a paz com Israel, foi expulso da Liga Árabe e seu presidente foi assassinado pouco depois. Ainda hoje, entidades como o Hamas explicitamente pretendem eliminar o Estado de Israel e esse é o grande impasse para a paz na região. 2) qualquer tentativa de comparar a situação entre Israel e palestinos com a Alemanha nazista e o uso de termos como genocídio, holocausto, carnificina, etc, é claramente mal-intecionado. Só pessoas extremamente ignorantes ou antissemitas usam esse tipo de comparação. Se vc não está em nenhum dos dois casos (é o que parece), evite fazer isso; 3) Israel aceitou a partilha da ONU, os árabes, não. Os chamados territórios ocupados (Gaza e Cisjordânia) estiveram em mãos árebes entre 1948 e 1967 e o estado palestino não foi constituído, sem qualquer culpa de Israel sobre isso. Sim, Israel tem muitos assentamentos na Cisjordânia (nenhum em Gaza) e já propôs trocar esses assentamentos por outras terras, ou seja compensar terra por terra. Além disso, é importante lembrar que pela paz, Israel se retiraria de alguns assentamentos e prova-se isso observando que já aconteceu isso qUando Israel devolveu o Sinai (mesmo sob protestos dos colonos), que tem área 3 vezes maior que Israel e tem petróleo e quando saiu de gaza em 2005; 4) Israel não está bombardeando Gaza para vingar 3 rapazes assassinados covardemente. Só este ano e antes da morte dos 3 rapazes, Israel já tinha sido alvo de mais de 500 foguetes disparados de Gaza e a imprensa não noticiou. A ação militar visa desmontar o tanto que for possível a estrutura terrorista que foi montada em Gaza e o número de mortos civis é alto porque o Hamas assim o deseja, para fazer a sua guerra de propaganda. Usa civis como escudos humanos e coloca armas e materiais bélicos dentro ou ao lado de locais civis (escolas, hospitais, casas e mesquitas) o que é, aliás, uma tática antiga dos terroristas palestinos e apenas sofisticou-se ainda mais agora. O Hamas investiu bilhões (sim, bilhões) de dólares em túneis e armamentos (o Egito anunciou ter destruído 1.369 túneis!), mas NENHUM abrigo anti-aéreo para seus civis… Por que agora o Hamas não leva os civis para os túneis, ao invés de mandá-los subir nos telhados dos locais que serão bombardeados e que Israel avisa antecipadamente? pq o Hamas precisa de cadáveres para a guerra da mídia. Infelizmente, é assim.
Caros Ismar e Isaac:
Como a minha formulação principal – a solução política como a única possível para o conflito – não foi contestada, e a questão das terras tomadas e devolvidas é muito complicada para discutir aqui, encerro minha participação nesta conversa com duas ponderações;
1ª) Mesmo admitindo que é impossível separar os civis e as crianças dos alvos dos foguetes e bombas, o exército de Israel assume o risco da morte desses inocentes. O crime dos terroristas palestinos não justifica esse outro, que a comunidade internacional vem condenando.
2ª) O terrorismo – recurso de desespero, explicável, embora sempre condenável – não é estranho à história do próprio Estado de Israel. Cumpre relembrar aqui, ao tempo da chamada guerra de independência, as ações do Irgun, como a explosão do Hotel Rei David e o assassinato do mediador das Nações Unidas, o Conde Bernadotte.
Eu ouço a todo momento os sionistas dizerem que o Estado de Israel está desde a sua criaçao procurando estabelecer a paz na regiao.
Eu gostaria de saber entao, qual foi o motivo de Israel nunca ter respondido, quando em 2002, a Liga Árabe, OLP e dois ministros do Hezbollah no Líbano propuseram reconhecer oficialmente o Estado de Israel com as fronteiras de 1967.
É com uma rica troca de opiniões em nível civilizado, característica dos grandes intelectuais, que cada vez mais aprecio a revista Será.
Concordo que Israel tem todo direito e dever de defender com “garra” seu povo e território. Só a força intimida.