Mais de 50 anos depois do rompimento de relações e do embargo econômico e quase 25 anos do final da guerra fria, Estados Unidos e Cuba reataram, finalmente, as relações diplomáticas, encerrando um longo ciclo de completa insensatez política e diplomática. Ao anunciar a normalização das relações diplomáticas e o alívio de diversas sanções, o presidente Barack Obama disse que a mudança representa o “fim de uma política obsoleta” e fracassada. Um pequeno gesto de grande poder simbólico e uma leve rachadura no jogo de poder nas Américas que pode abrir uma incontrolável avalanche política em Cuba. Apesar da resistência dos exilados cubanos de Miami, que se beneficiam do isolamento da Ilha, e de líderes do governo cubano que utilizam o anti-imperialismo como bandeira de legitimação política, a quebra do embargo econômico e comercial já começou e deve se acelerar. Esta tardia inserção de Cuba na diplomacia e no comércio continental deve aliviar as dificuldades econômicas, dinamizar a economia e melhorar as condições de vida dos cubanos, ampliando o poder de comunicação global, com seus conhecidos efeitos na política. Estas mudanças devem ser acompanhadas de uma inevitável reestruturação e parcial desestatização da economia e da democratização das instituições políticas de Cuba. Obama ganha reconhecimento internacional pela eliminação desta excrecência política e diplomática, e Cuba ganha pela abertura de um novo ciclo político e econômico no país com desdobramentos positivos na vida dos cidadãos cubanos. O ritmo e a intensidade dos desdobramentos desta pequena rachadura dependem da capacidade dos dirigentes cubanos na gestão das mudanças e na renovação da estrutura política de Cuba, controlando o processo e evitando uma crise e desorganização econômica e política.