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Fragmento de la Batalla de Carabobo. Oleo sobre tela. Palacio Federal Legislativo, Caracas – Venezuela – by Martín Tovar y Tovar (1827 – 1902).
No final da sua vida de muitas guerras, grandes sucessos e alguns fracassos, o libertador Simón Bolivar teria dito, como personagem histórico do livro “O General e seu labirinto”, de Gabriel Garcia Marques, que “mais valia um bom acordo do que mil processos ganhos”. Até agora, o governo venezuelano de Nícolas Maduro, que teria se inspirado no grande general Bolívar, tem preferido o confronto mesmo quando o país se encontra politicamente fragmentado e numa profunda crise econômica e social, apostando numa duvidosa vitória de consequências dramáticas. A recente mediação do Vaticano (palmas para o Papa Francisco) desarmou a eminente explosão que se anunciava nesta semana com o julgamento politico do presidente pela Assembleia Nacional por “rompimento da ordem constitucional”, como reação à suspensão do referendo revogatório definido na Constituição, acompanhado de uma grande manifestação de massas que descambaria, provavelmente, para a violência. Maduro aceitou a negociação e ensaiou uma conciliação com a liberação de quatro dos cem presos políticos mas insiste no discurso agressivo contra a oposição chamando de terrorista o partido Vontade Popular. Por outro lado, parte da oposição liderada pelo preso político Leopoldo López também não está inclinada à negociação denunciando que o interesse de Maduro é apenas ganhar tempo e adiar o referendo revogatório. A negociação é o único caminho para reorganizar a economia e, principalmente, para evitar um desastroso e violento confronto político entre a oposição, que tem mais de 2/3 do parlamento e o apoio para uma demanda popular de referendo revogatório. Mas o entendimento entre adversários num ambiente político tão contaminado será muito difícil. Depende apenas de que nenhuma das partes espere a vitória sobre a outra e que prefiram o entendimento e o acordo, como recomendaria o libertador e herói da Venezuela.
Tem razão o Papa, e o argentino Jorge Mario Bergoglio, que antes de mais nada é preciso evitar uma guerra civil na Venezuela. A comunidade internacional não dá conta dos milhões de refugiados. Seria uma tragédia agregar milhões de refugiados venezuelanos. Papa Francisco merece aplauso e apoio em seu esforço de conciliação.