Editorial

A espetacular ação criminosa que assaltou a Brink’s, empresa de Segurança de Valores, no Recife, é uma reprodução perfeita do assalto à Prosegur, em Ribeirão Preto, realizado em julho do ano passado. E semelhante a várias outras operações Brasil afora: a organização, a inteligência, a logística, o poder de fogo, o contingente criminoso e os sofisticados equipamentos utilizados. Não muito diferente, embora de proporção menor (mas também com grande armamento e explosivos), têm sido as violentas operações de destruição e roubo de caixas eletrônicos em várias cidades do Brasil. Não é exagero supor que este conjunto de ações criminosas está sendo praticado por um verdadeiro exército criminoso, com atuação em todo território nacional, e que vai além da ocupação territorial nas favelas, do domínio dos presídios, e do controle do tráfico de drogas. É como um novo “modelo de negócio” do crime organizado, complementando o já bastante lucrativo negócio do tráfico de drogas e de armas com o assalto direto às fontes de dinheiro: o sistema bancário e as empresas de segurança de valores. É outro tipo de crime, um fenômeno completamente diferente das outras práticas criminosas conhecidas, embora atuando em várias outras frentes, e beneficiando-se da mesma ambiência criminosa que resulta da desagregação social e moral do país. Menos pelo tipo de “negócio”, e mais pelo nível de organização, profissionalização e poderio militares, formando um exército profissional de homens bem treinados e muito bem armados, com estrutura nacional e articulação internacional.  Uma força armada que ameaça a segurança nacional e a democracia. O enfrentamento desse exército clandestino exige, portanto, uma estratégia diferenciada de atuação do Estado brasileiro e, mais do que isso, demanda um comando nacional integrado, com capacidade (muito acima do que podem as instituições policiais estaduais) para quebrar a sua linha de suprimento, destruir os seus estoques e arsenais, e reagir com superioridade ao seu enorme poder de fogo.