Na mesma semana em que o furacão Irma provocou devastação e enorme destruição material no Caribe e nas Bahamas, outro furacão passou pelo Brasil, com uma sucessão de surpreendentes sacudidas políticas e institucionais. Mas o furacão brasileiro, longe de provocar destruição material, desnudou e escancarou a destruição do patrimônio público provocada, no passado recente, pelos governos do PT e seus aliados, especialmente o PMDB, permitindo, inclusive, a recuperação de parte desse patrimônio. Na mesma semana em que a Polícia Federal descobriu e recuperou malas e caixas cheias de dinheiro do ex-deputado do PMDB e ex-ministro de vários governos, Geddel Vieira Lima, com R$ 51 milhões, o empresário mafioso Joesley Batista entregou (descuido?) à Procuradoria Geral da República um áudio com declarações bombásticas que comprometem todo o processo de delação premiada, com um prêmio tão generoso quanto suspeito. Dois dias depois, o procurador Rodrigo Janot, enrolado e constrangido com a estranha conversa de Joesley no referido áudio, lançou uma inesperada e surpreendente flechada, com denúncia de crimes praticados pela alta cúpula do PT, envolvendo os ex-presidentes Lula da Silva e Dilma Rousseff. Quando o Brasil esperava o seu golpe sobre o presidente Michel Temer, Janot mirou para o outro lado com uma denúncia contundente, que parecia guardada na gaveta. E para completar o furacão político, o ex-ministro e dirigente petista Antonio Palocci (o “Italiano” das planilhas da Odebrecht) confirmou, reforçou e completou, em depoimento ao juiz Sérgio Moro, as acusações de corrupção praticadas pelo PT ao longo dos seus governos e sob a liderança do intocável Luís Inácio Lula da Silva. Palocci é um quadro histórico do PT, formado politicamente na esquerda tradicional, personagem central dos governos de Lula e Dilma, mas não tinha razões ideológicas para calar diante dos desmantelos morais e dos crimes de corrupção praticados pelo seu partido e seus aliados no governo. Tudo indica que Rodrigo Janot ainda vai apresentar denúncia contra Temer antes de encerrar seu mandato na Procuradoria Geral da República, ao menos para deixar a imagem de imparcialidade. O mínimo que se espera agora do procurador geral, nos seus últimos dias no cargo, é a revisão completa do acordo excessivamente generoso que concedeu a Joesley Batista, e a sua prisão, com todos os seus asseclas, incluindo Marcelo Miller, que usou o cargo de procurador e auxiliar próximo de Janot para preparar a delação premiada do empresário mafioso.
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