Sem radicalismo. Todo abuso é condenável. Todo gesto ou palavra que excede ou viola os padrões de civilidade é inaceitável. O assédio sexual é uma forma de abuso, quando se trata de uma abordagem persistente e incômoda para a conquista de um parceiro, sendo desagradável e impertinente quando ignora a recusa do outro. Mas não é crime, exceto quando for utilizada posição de poder ou hierarquia para forçar uma relação, independente do sexo de quem o pratique. E o jogo da sedução? O galanteio ou a paquera? Onde estão os limites? Alguns discursos raivosos parecem confundir tudo, reduzindo toda forma de galanteio a violência e desrespeito. Sem radicalismo, é necessário distinguir as nuances de um movimento de sedução, que envolve duas pessoas, que podem ou não convergir nos sentimentos e interesses. O limite da tolerância é a grosseria, inaceitável ofensa ou desrespeito. Mas, mesmo a grosseria depende da interpretação dos envolvidos, e de aspectos culturais, sendo muito diferente em países com maior ou menor formalismo nas relações humanas. Em algumas culturas, um simples abraço ou beijo na face pode ser considerado um atentado ao pudor e um abuso sexual. O inaceitável é qualquer forma de abuso ou violência. O galanteio ou paquera, com gestos e sinais sutis que podem evoluir, dependendo da reciprocidade e aceitação do outro, é parte indispensável do processo de sedução. Sem este jogo de aproximação e sedução, não existiria o encontro amoroso e sexual entre duas pessoas. O galanteio não pode ser considerado agressão ou violência, como um esfregado num ônibus apertado, um alisado nas partes íntimas sem conivência e autorização, ou mesmo uma proposta indecorosa. A sutileza e a elegância fazem a diferença, mas a interpretação dos sinais nem sempre é precisa e rigorosa, o que pode gerar insistência indevida e ousadia impertinente. Neste caso, bastaria o desprezo, ou mesmo uma elegante e humilhante ironia.
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