O juízo final, que havíamos anunciado, afinal se cumpriu. O STF, pela grandeza da sua presidente, assegurou o seu lugar no empíreo. A negação do “habeas corpus” preventivo em favor do ex-presidente Lula elevou a Justiça brasileira ao patamar desejado por todos os cidadãos honestos, não intoxicados por prejulgamentos políticos, que impedem pessoas, mesmo de boa fé, de ver o que está diante dos seus olhos. Um criminoso, duplamente reconhecido e condenado, vai enfim para atrás das grades, como qualquer dos seus pares menos favorecidos pelo poder ou pela riqueza. E a porta da cadeia fica aberta para todos os outros que o seguirão, sejam quais forem os seus partidos políticos. Temos agora uma Justiça que corresponde à sua tradicional imagem: olhos vendados, para não distinguir categorias de culpados; balança, para a medida do equilíbrio; e espada como símbolo de força e pronta ação. Pois como dizia Rui Barbosa, o grande jurista tantas vezes citado, justiça tardia é injustiça, e não há perdão para juízes covardes. Podemos pensar mesmo, esperançosamente, que a decisão inaugura uma nova era na política e na administração pública brasileiras. O ministro Barroso, em seu voto, descortinou esse auspicioso quadro, e a ministra Carmen Lúcia soube colher bem, com a sabedoria da deusa grega, o momento de subir ao pedestal da História. Mas atenção, amigos! Que esta merecida celebração não nos acomode. Precisamos permanecer vigilantes, pois a situação ainda pode ser revertida, e os derrotados tudo farão para isso. Há duas Ações Declaratórias de Constitucionalidade – ADCs, tendo como relator o ministro Marco Aurélio, que todos bem conhecem, pendentes de julgamento. Se, ao julgá-las, o STF concluir pela inconstitucionalidade da súmula que autoriza a prisão de condenados após decisões judiciais em segunda instância, a decisão denegatória do “habeas corpus” de Lula será invalidada. E isso beneficiará todos os já condenados, e por condenar, em igual situação, pela Operação Lava Jato, e por outras quaisquer decisões, em quaisquer tipos de crimes. Voltaremos à vergonhosa situação de que sonhamos sair: só os pobres e desvalidos ocuparão as prisões. Os ricos e poderosos, que podem custear recursos judiciais “ad eternum”, continuarão rindo de nós. Considerando a instável posição da ministra Rosa Weber, só a firmeza da presidente Carmen Lúcia e a pressão popular poderão assegurar nossa grande conquista.
Sobre o autor
Postagens Relacionadas
Postagens recentes
-
A turbulência de céu clarodez 20, 2024
-
Balanço positivo de fim de anodez 20, 2024
-
Venezuela: suspense numa autocracia caóticadez 20, 2024
-
Chuquicamata, Patagônia, Índios Alacalufesdez 20, 2024
-
Com a Palavra, os Leitoresdez 20, 2024
-
Ceia Natalina, Proust e Polarizaçãodez 20, 2024
-
Última Páginadez 20, 2024
-
O acordo que pode transformar o Brasildez 13, 2024
-
Um islamismo com temperança e liberdade?dez 13, 2024
Assinar Newsletter
Assine nossa Newsletter e receba nossos artigos em seu e-mail.
Alcides Pires A Opinião da Semana Aécio Gomes de Matos camilo soares Caruaru Causos Paraibanos civilização Clemente Rosas David Hulak democracia Editorial Elimar Nascimento Elimar Pinheiro do Nascimento Eli S. Martins Encômio a SPP Estado Ester Aguiar Fernando da Mota Lima Fernando Dourado Fortunato Russo Neto Frederico Toscano freud Helga Hoffmann Ivanildo Sampaio Jorge Jatobá José Arlindo Soares José Paulo Cavalcanti Filho João Humberto Martorelli João Rego Lacan Livre pensar Luciano Oliveira Luiz Alfredo Raposo Luiz Otavio Cavalcanti Luiz Sérgio Henriques manifestação Marco Aurélio Nogueira Maurício Costa Romão Paulo Gustavo Política psicanálise recife Religião Sérgio C. Buarque Teresa Sales
comentários recentes