“O governo tem um quê de alienista, não?” pergunta Mike, o gringo que está lendo Machado de Assis, para ver se entende os brasileiros. Pôr na rua o braço direito da campanha? Vai ter que mandar também o Marcelinho, do Turismo, que foi o presidente do partido em MG? E depois? Será que vai acabar demitindo a si mesmo?
Bolsonaro é um camaleão, concluiu Maria, a costureira da vila. Ele ora é homofóbico, ora menino mimado, ora pau mandado e ora presidente competente. Às vezes é um simplório e às vezes um estadista. A mulher adorou a ida dele ao Congresso, entregar a nova Previdência, as palavras são dela. Proposta boa, professor, foi o comentário que me fez. Aliás, a turma toda no bar estava elogiando a proposta do governo. Menos o vizinho da esquerda.
Flávio, o governador comunista, não podia dizer outra: “A reforma prejudica os pobres”. Segundo Djair, o feirante, “estes promotores e servidores bem aquinhoados não têm coragem de defender seus privilégios, e dizem esta baboseira”. “Qual proposta fez alíquotas diferentes, colocou os parlamentares no mundo do cidadão comum e propõe uma perseguição aos devedores?” diz ele.
Firmino, o vendedor de pamonha, quando soube da conversa entre Bolsonaro e Bebianno, confessou: “Coisa de amadores”. “Burlesco”, disse Zefinha, a mulher ilustrada da banca de queijos. Meu neto tem razão: “O que assusta neste governo não é tanto as sandices que costuma falar, mas o despreparo”. Nelson Rodrigues tinha razão, o subdesenvolvimento não se improvisa. Vamos ver se o lado bom do governo prevalece.
A velha política já deu o recado, derrotando o decreto do governo sobre o sigilo dos documentos oficiais no Congresso: militar pode ser bom para muitas coisas, mas não tem voto. Convidem os nossos.
Três patetas já eram. Bolsonaro inventou o grupo dos quatro. Já sabíamos do colombiano, da doidivanas e do colecionador de frases do google, sem contar o filósofo de saberes inúteis. Agora, ajuntou-se ao grupo o diminuto ministro do Meio Ambiente, que declarou na “Roda Viva” que Chico Mendes é um desconhecido. Tenório, o filósofo da vila, foi implacável: “Valha-me Deus tanta ignorância”.
Terezinha, que faz faxina no Senado, conta no bar da esquina que lá no Congresso o boato é que a Gleisi foi sondada para assumir o Ministério do Interior. Na Venezuela.
Dizem aqui em Brasília que os assessores diretos do Bolsonaro, filhos incluídos, mandaram um recado para a oposição: não precisam começar a trabalhar, pois as forças internas são suficientes para desgastar o governo, e os primeiros a fazer isso somos nós.
Antigamente, dizia-se que de cabeça de juiz e barriga de mulher grávida ninguém sabia o que iria sair. O segundo problema sumiu. Com as novas tecnologias só não sabe o sexo do feto quem não quer. Agora, quanto a cabeça de juiz, ninguém ainda inventou uma tecnologia que nos permita compreender a natureza de certas sentenças. Por exemplo, a do Juiz que decidiu impedir o público de assistir ao jogo Vasco x Fluminense na decisão da Taça Guanabara, 2019. Por pouco não assistimos a uma nova tragédia. Mais uma vergonha para o já desgastado Poder Judiciário.
E se não bastasse, o STF, ao invés de enviar o processo do deputado federal do Amapá, Marcos Reategui, que não é mais deputado desde 31 de janeiro, para a primeira instância, enviou para o arquivo. É demais!
Um leitor do Josias, sobre a suspensão da investigação das riquezas de Gilmar, o “desencarcerador mor”, disse que o STF virou um “valhacouto de patifes”. Quando o STF cai na boca do povo, o risco começa a se acercar dos gorgomilhos.
Circula nas redes uma gozação homérica com o Dias Tofolli. E tudo com fatos. Cita a declaração do juiz do Supremo – que foi reprovado duas vezes em concurso público para juiz – por ocasião da posse no STF, na qual declara que suas relações com o PT, de quem foi advogado, eram uma página virada da história. E cita as dezenas de votos que, posteriormente, deu a favor do PT, inclusive para soltar o José Dirceu, condenado a 30 anos de cadeia. E com datas das sentenças. Uma por uma. Só para lembrar: Dirceu está em casa, e circulando livremente na política e na rua, como se nada tivesse ocorrido.
1984 está chegando. Os chineses “venderam” aos venezuelanos um sistema de controle da população. Para ter acesso aos serviços do Estado, o cidadão tem que aceitar entrar no programa, com reconhecimento facial e cruzamento de dados. O governo sabe quem vota nas eleições fajutas que organiza, e apenas estes têm direito aos serviços de saúde e à distribuição de alimentos. Este sistema de controle populacional chinês já está implantado em dezenas de países, e a cada dia apenas se aperfeiçoa. O Big Brother já está nascendo, e crescendo. Quem viver verá.
Firmino, o vendedor de pamonha, que entende de política internacional, concluiu, com o crescimento da China: “Ainda teremos saudades do imperialismo americano”. Previno aos fãs do plágio que a frase já esta registrada em cartório.
Para Maria, a costureira da vila, para saber das coisas do país é melhor não ler a imprensa. Segundo ela, quase endoidou, acompanhando as notícias em torno do ministro Gustavo Bebianno. De manhã caiu, de tarde continua. Hoje mesmo, dia 18, ao inverso, pela manhã continua, pois nada saiu no Diário Oficial, como noticiaram os jornais no domingo, 17. E à tarde? Demitido. A mídia impressa não trabalha com notícias, mas com boatos e especulações. Parece que todo mundo torce pelo pior. Torce por mais uma tragédia.
Aliás, o país virou um lugar de tragédias, e não de acidentes, desdizendo o presidente da Vale. Pode-se chamar acidente a um sinistro que ocorre por descuido e irresponsabilidade? Um presidente desses merecia ser demitido há muito tempo, diz o nosso querido Mike, o gringo.
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