Editorial

Quem pensava que o Ministério da Educação sob o comando de Ricardo Vélez Rodríguez estava tão mal que não poderia piorar, enganou-se. Depois de um discurso de posse em que mostrava preocupação com a péssima qualidade do ensino e falava de diálogo, o atual Ministro da Educação, Abraham Weintraub, incorporou e intensificou a arenga ideológica do bolsonarismo como marca da sua gestão, e assumiu a postura de um tirano sobre as Universidades. Entre outras aberrações, o ministro anunciou, nesta semana, uma punição para as universidades que realizam atividades políticas no campus, classificadas pelo ministro como “balbúrdia”. No mesmo discurso de posse em que falou de “respeito a opiniões diferentes”, o ministro já tinha manifestado sua aversão ao interesse político da juventude, que, no fundo, reflete a sua intolerância à critica ao seu governo, crítica essa que é reconhecidamente forte nos meios universitários. Este interesse político dos jovens, infelizmente, nem é tão grande quanto pensa o ministro, e é fundamental para o fortalecimento da democracia e a formação política das próximas gerações de brasileiros. As manifestações de intolerância em alguns movimentos universitários, refletindo o fanatismo de bolsonaristas e lulistas, não autorizam o Ministro da Educação a utilizar o poder do Estado para punição das instituições que constituem  o espaço de debate de ideias e de construção do conhecimento. Diante do desastre da educação brasileira, especialmente do ensino médio, é um absurdo que o Ministro da Educação concentre seu tempo, como cruzado, nessa ridícula guerra contra “o marxismo cultural”, proposta pelo astrólogo da Virginia, Olavo de Carvalho. Se é lamentável que o Governo Federal corte recursos da Educação, mesmo entendendo a gravidade da crise fiscal, constitui uma violência intolerável que o Ministério da Educação discrimine as universidades de acordo com a configuração politica dos movimentos de estudantes e professores. Da mesma forma, é ridícula, além de perigosa, a ideia utilitarista do Presidente da República na discriminação das diferentes áreas de conhecimento nas universidades, desqualificando a área de ciências humanas. No pior dos mundos, ao mesmo tempo em que tenta sufocar as Universidades, o governo parece ignorar o desastre dos ensinos  fundamental e médio no país.