Na segunda metade da década de 70 do século passado, quando vivia exilado na Alemanha, trabalhei na Voz da Alemanha, emissora que transmitia programa diário em ondas curtas para o Brasil. Pelo menos uma vez por semana, produzia uma resenha da imprensa internacional abordando a realidade brasileira, na tentativa de driblar a censura à imprensa no país com artigos publicados nos principais jornais do mundo, quase sempre muito críticos. Ao contrário dos jornalistas brasileiros que atuavam no país, com grande risco e enorme limitação no seu exercício profissional, a redação desta Resenha da Imprensa era para mim atividade especialmente prazerosa, fazendo a crítica à ditadura com segurança e responsabilidade jornalística.
Entre os jornais de grande credibilidade, com presença assegurada na Resenha da Imprensa, estava o inglês The Guardian,com frequentes artigos dos seus correspondentes no Brasil analisando a situação polítca e social do país. Agora, mais de quarenta anos depois, artigo publicado esta semana pelo grande jornal desperta uma sensação incômoda de dúvida sobre a responsabilidade e a credibilidade dos seus correspondentes. Assinado por Dom Phillips, o artigo narra a experiência de quatro brasileiros que teriam fugido do Brasil para um inexplicável “exílio político”, como se o país estivesse dominado por uma ditadura semelhante àquela dos anos 60/80. A matéria consiste em depoimentos dos que teriam “fugido” do Brasil, como o ex-deputado Jean Wyllys, mas o jornalista abre com um título tendencioso e manipulado, falando de uma “nova geração de exilados políticos” que fugiram para continuarem vivos, e arremata, no subtítulo, afirmando que este “clima de ameaças de morte e hostilidade” faz “lembrar a ditadura militar”. Como pode falar de exilados políticos de um país com imprensa livre, sistema judiciário independente e ativo, plena liberdade de opinião, organização e manifestação?
Depois de lembrar os milhares de exilados brasileiros da época da ditadura (de 1964 a 1985), estes sim, fugindo da perseguição de uma ditadura repressiva, o correspondente do jornal inglês afirma que, agora, “décadas mais tarde, proeminentes esquerdistas e ativistas brasileiros estão novamente deixando o país”, fugindo das ameaças de morte de extremistas de direita e de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Oleitor europeu desavisado deve imaginar milhares de brasileiros fugindo das prisões e perseguições de uma ditadura, sem Justiça para sua defesa, ou imprensa para denúncia e crítica da violência aos direitos humanos. Matérias como essas distorcem a imagem do Brasil no exterior, e confundem mais do que esclarecem, num desserviço à compreensão da realidade brasileira e ao debate sério em torno de propostas de políticas para a consolidação da democracia e o desenvolvimento nacional.
Estamos vivendo um momento onde a imprensa globalista e esquerdista distorce os fatos e até mesmo inventa realidades totalmente inexistentes. Dizer que tem exilados políticos no Brasil é o mesmo que fazem ao dizer que o Islã é uma religião da paz. Ou seja a imprensa esta engajada em um discurso que não tem evidencias.
Certíssima observação de Sérgio Buarque. E porque nossas embaixadas e consulados não enfrentam a difamação que esses falsos exilados promovem? Como é que o nosso Ministro das Relações Exteriores não interpela o jornal que propaga as mentiras do falso exilado Jean Willys? É que nosso governo perde credibilidade quando ataca jornalistas dentro do país que estão apenas revelando fatos. Está metido na armadilha que ele próprio criou. E quem sofre é a imagem do Brasil e dos brasileiros.
o Presidente é tosco e fala asneiras quase diariamente. Um das últimas foi hostilizar por boatos a conceituada Jonalista Miriram Leitão. Em razão do atraso atávico do Presidente os grupos de extrema direita sentem-se mais a vontade para vomitar seus ódios. O caso que ocorreu em uma feira do Livro em uma cidade de Santa Catarina é um exemplo recente . Setores da esquerda faziam também esses patrulhamento e apelavam para a força quando estavma em maioria em determinados eventos. É preciso lembrar que, nos subterrâneos, a extrema direita sempre agiiu em períodos anteriores, como foram os diversos massagres de trabalhadores rurais ou de apoiadores dos direitos humanos como foi o caso da Irmã Dhoroty. São fatos que ocorreram em diversos governos como produto da cultura de violência,da confiança na morosidade das punições ou até mesmo da inércia das autoridades. No entanto, querer inventar uma repressão institucionalizada(Uma ditadura) com todas as instiuições funcionando e a imprensa livre só terá o efeito de confundir a opiniâo pública internacional, ou, o que é mais grave, desacreditar as denúncias embasados em fatos realmente consitentes. Como as facilidades do discurso levam rapidamente a leviandade, é preciso agir com responsabiliade e rigor na informação para que alguns não passem a fletar com o oportunismo de exilados em causa própria.