Editorial

A imprensa brasileira deveria fazer um boicote generalizado à cobertura do presidente da República na sua saída matinal da residência oficial, quando, aplaudido por uma claque, destila toda a sua molecagem e vulgaridade, e descarrega o seu enorme e inesgotável arsenal de impertinências. O jornalista Roberto Pompeu de Toledo faz um apelo semelhante aos editores dos meios de comunicação sérios do Brasil: “Deixem de enviar seus repórteres ao diário festival de baixarias na porta do Palácio da Alvorada”. Esta seria uma forma eloquente de protesto pelas manifestações irresponsáveis, levianas e desrespeitosas do presidente, parte da sua campanha sistemática contra a imprensa e a liberdade de informação no Brasil. Desqualificando as fontes sérias de informação, o presidente e sua tropa de trogloditas  entrincheiram-se nas redes sociais, para divulgação das suas “fake news”. Além do mais, um boicote à sua arrogante saída do Palácio pouparia os brasileiros do desconforto intolerável com o desrespeito do presidente aos mais elementares valores da civilização. Mais uma vez,  Bolsonaro passou dos limites esta semana, com a sua agressão à jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de São Paulo, que acompanhava a CPI das “fake news” no Congresso Nacional. Os governantes tendem, normalmente, a criticar a imprensa na proporção direta da sua função social de apurar, organizar, divulgar e analisar fatos e informações. Mas, para Bolsonaro, a imprensa brasileira é uma inimiga que precisa ser combatida com agressões verbais, ameaças e intimidações, e, no limite, silenciada. Felizmente, a imprensa resiste e continua exercendo o seu papel de informar, até mesmo as barbaridades de um presidente, inclusive contra os próprios meios de comunicação. Bolsonaro não tem respeito por ningúem que não seja seu aliado e fanático seguidor, não respeita os profissionais do jornalismo, não se dá ao respeito e, portanto, não merece o respeito dos brasileiros. Ele demonstra que é um personagem totalmente desqualificado para o cargo a que foi alçado, por um desses cruéis acasos da História, que teimam em comprometer o futuro do Brasil.