O deputado Daniel Silveira, preso em flagrante por seus ataques virulentos às instituições democráticas, com elogio ao AI-5 e agressão direta à Constituição e ao STF-Supremo Tribunal Federal, parece uma cópia truculenta do ex-deputado Jair Bolsonaro e dos valores e ideias que carrega ainda na presidência da República.

Tem o mesmo DNA ideológico. Quando era apenas um medíocre deputado do baixo clero, em condições bem menos polarizadas politicamente, o atual presidente repetiu à exaustão pronunciamentos ainda mais violentos contra o sistema democrático. Em 1999, o ex-deputado Bolsonaro chegou a afirmar que a ditadura militar tinha sido muito branda, e acrescentou: “Só vai mudar, infelizmente, quando nós partirmos para uma guerra civil aqui dentro. E fazendo um trabalho que o regime militar não fez, matando uns 30 mil! Começando com FHC! Não deixa ele de fora não!” Em 2008, numa discussão com manifestantes, Bolsonaro declarou que “o erro da ditadura foi torturar e não matar”. E já como presidente da República, em maio do ano passado, ele apoiou e participou de uma manifestação contra o STF, que tinha autorizado o cumprimento de mandados de busca e apreensão contra empresários e blogueiros bolsonaristas envolvidos no processo das fake news.

Ao longo dos dois anos do seu desastroso e destrutivo mandato presidencial, não foram poucas as declarações contra as instituições democráticas, incluindo ameaças e agressões à imprensa. Bolsonaro é a expressão da intolerância política e o líder de um movimento de extrema-direita, que não suporta a democracia e que mobiliza as milícias (por enquanto, virtuais) para destruir as instituições e preparar o terreno para uma nova ditadura. Com a prisão do deputado Daniel Silveira, o STF confirma que a imunidade parlamentar não pode ser utilizada impunemente para o ataque às instituições democráticas do país. E vale como uma advertência às declarações e às pretensões ditatoriais do bolsonarismo.