Mais conversas, em livro que estou escrevendo (título da coluna).
GIOVANNI SCANDURA, publicitário. Viu duas irmãs suas conversando sobre a morte:
– Geórgia, eu quero morrer!
– Que, nada!, Célia, tu vai aos médicos todos os dias… como posso acreditar?
IGNEZ BARROS, escritora. No metrô de Paris, conheceu um francês charmant. Chegando ao seu destino, Boulevard Poissonière, ele perguntou:
– Vous voulez connaître ma bite? (você quer conhecer minha colina?, foi o que ela entendeu).
– Pourquoi pas? (por que não ?).
– Marcaram encontro, às 17 horas, em frente à École Accord. Esperançosa, falou com amigas sobre o encontro. E todas ficaram horrorizadas. Só então percebeu ter entendido butte (colina), quando ele disse bite (pênis). Você quer conhecer meu… Não foi ao encontro, claro. Deu em nada esse quase caso de amor parisiense, graças ao bom Deus.
JOSÉ WILKER, ator. Ia sempre à Fortunato Russo Sobrinho, maior loja de tecidos na cidade. Seu Chiquinho, proprietário, me explicou:
? Comprava sempre uma peça de chita preta. Como gostava dele, dava pelo preço de custo.
? E pra quê iria querer isso?
? Em casa, cortava em pequenas tiras e misturava tudo na terra. Até ficar com cara de pano velho. Depois ia vender, no Mercado de São José, como retalhos da batina do Padre Cícero Romão.
Vendia tudo. E assim se sustentou, enquanto morou no Recife. Grande Zé Wilker.
SÉRGIO MORO, ministro da Justiça. O ministro do Supremo Gilmar mendes o criticou. Escrevi artigo, em sua defesa, que Moro comentou:
– Sabe que ele escreveu um artigo em uma coletânea em minha homenagem? Mas coerência e equilíbrio não são o forte, ali.
Pois é…
SORÓ, professor de tênis. Durante quase três anos foi amante da ex-mulher de um prefeito de capital nordestina. Bem tratado, sempre. E recebendo presentes valiosos. Até quando o tal prefeito, na frente de um grupo de matadores, veio falar com ele. Educadamente.
? Senhor Soró, estou muito preocupado com sua saúde. Que os ares daqui não lhe estão fazendo bem. Sugiro não voltar à cidade. Vai ser melhor, para você.
Soró desapareceu do lugar, na hora. E foi bom. Sobretudo para ele, que continua vivo.
XICO BEZERRA, poeta. Certo dia, viu o doido de estimação da rua subindo num poste. E o interpelou,
– Que vai fazer lá em cima?, doidinho.
– Vou chupar manga.
– Mas isso não é uma mangueira.
– Eu sei, é um poste, a manga está no meu bolso.
Muito bom. O nosso Zé Paulo, como um bom vinho, a medida que envelhece, fica melhor.