A pouco mais de um ano das eleições presidenciais, o presidente Jair Bolsonaro dá sinais claros e límpidos de que não pretende aceitar o resultado democrático das urnas, numa provável derrota. Além de insinuar, frequentemente, que pode haver fraude nas próximas eleições, o presidente tem afirmado que “sem voto impresso não vai ter eleição em 2022”. E lembrando o ataque golpista no Capitólio, no início deste ano, Bolsonaro ameaçou dizendo que “se nós não tivermos o voto impresso em 2022, uma maneira de auditar o voto, nós vamos ter problema pior que os Estados Unidos”.
Uma PEC – Proposta de Emenda Constitucional que transita na Câmara de Deputados define a anexação de uma impressora na urna eletrônica, para emissão de um comprovante de cada voto, procedimento caro, inútil e com risco de violação do voto secreto por falhas na impressora, ou até um sequenciamento das cédulas. De acordo com estimativas do presidente do STF – Supremo Tribunal Federal, o novo sistema custará cerca de dois bilhões de reais, o mesmo valor que foi cortado do IBGE para realização do Censo Demográfico.
Se o voto impresso é uma completa impertinência, muito grave é a ameaça do presidente da República de que, sem ele, não serão realizadas eleições. Ameaça que, infelizmente, tem sido acompanhada de um inaceitável envolvimento político de alguns militares de alta patente em eventos bolsonaristas, com multidões pedindo golpe e intervenção no STF. Depois do discurso do próprio Ministro da Defesa, o General da Reserva Braga Neto, agora foi um general da ativa, o ex-ministro da saúde, Eduardo Pazuello, que, desrespeitando regras do regulamento militar, subiu no palanque, ao lado de Bolsonaro, e fez um discurso para a massa de bolsonaristas. A estratégia de Bolsonaro consiste em ameaças contra as eleições, enquanto vai esticando a corda, testando os limites de tolerância das Forças Armadas que o autorizariam a embarcar numa aventura golpista.
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