Não se pode responsabilizar o presidente Jair Bolsonaro pela crise hídrica que está levando à elevação dos preços da energia elétrica e, desta forma, pressionando a inflação brasileira. Evidente que ele não causou este fenômeno natural, da mesma forma que não provocou a pandemia de Covid-19. Se, no caso do vírus, ele é culpado pela escala dramática da mortalidade, em relação à crise de energia as regras do sistema levam à entrada em operação de termelétricas a diesel ou gás, para compensar a limitação da geração hidrelétrica. Como resultado, aumentam os custos adicionais da geração, provocando elevação das tarifas, além de indesejáveis impactos ambientais: poluição atmosférica e emissão de gases de efeito estufa. Claro que Bolsonaro não tem culpa do fenômeno natural da seca. Entretanto, é como se, simbolicamente, a natureza estivesse se vingando do presidente que se empenha em agredir e destruir os recursos ambientais do Brasil, vingança antecipada pelas consequências futuras da degradação ambiental que ele, sistematicamente, promove.
Na verdade, quem padece os efeitos negativos dos dois fenômenos – pandemia e seca – são os brasileiros, vítimas do vírus e da alta das tarifas de energia e suas consequências na inflação e na retração do emprego e da renda. Com sua ausência de empatia, Bolsonaro não está preocupado com isso. Ele teme mesmo é a vingança dos eleitores em 2022, indignados com a irresponsável postura diante do vírus e insatisfeitos com as implicações da crise energética. A elevação significativa do custo da energia elétrica vai pesar no bolso dos brasileiros e nos custos de produção das empresas, comprometendo a esperada e desejada recuperação da economia, contida, esta também, pelo aumento da taxa de juros, para segurar a pressão inflacionária.
Parece pouco provável que o Brasil sofra um apagão energético porque, depois de 2001, houve uma integração do sistema elétrico brasileiro e uma mudança da matriz energética, com aumento das energias limpas e implantação de várias hidrelétricas para compensação. E porque, infelizmente, o Brasil terá que adiar a recuperação da economia. É muita desgraça de uma vez. Como disse Macaco Simão, a ira divina mandou para o Egito uma praga de cada vez. Para o Brasil mandou três simultâneas: Covid-19, crise hídrica e, pior que tudo, Bolsonaro.
Excelente!