Quando a Operação Lava Jato prendeu dezenas de grandes empresários e poderosos políticos brasileiros e resgatou bilhões de reais que tinham sido roubados dos cofres públicos, parecia anunciar o fim da impunidade dos crimes de corrupção no Brasil. Passado o receio inicial, os corruptos de todos os calibres e ideologias voltaram a agir, com a desenvoltura e o cinismo de sempre, no saque ao Tesouro Nacional.
A corrupção não tem ideologia nem partido político, sobreviveu ao vendaval da operação Lava Jato, e reacende, na medida em que a reação dos corruptos vai enterrando e desmoralizando o seu combate no Brasil. Os eleitores que votaram em Jair Bolsonaro acreditando no seu discurso contra a corrupção, descobrem agora a farsa do governo honesto, com as denúncias da corrupção no Ministério da Saúde, supostamente capitaneada pelo seu líder na Câmara de Deputados.
A corrupção do seu governo não deveria surpreender, na medida em que o próprio Bolsonaro vangloriava-se de ter acabado com a operação Lava Jato, que estava incomodando seus filhos e grande parte dos parlamentares da sua base de governo. Na verdade, a Lava Jato foi destruída pela combinação de forças, da esquerda à direita, passando pelo STF – Supremo Tribunal Federal, liderado pelo irascível Gilmar Mendes e pelo fiel escudeiro Ricardo Lewandowski, aproveitando e potencializando os supostos desvios processuais do Juiz Sérgio Mouro.
As recentes decisões da alta corte de justiça, protegendo o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva das denúncias apresentadas nos acordos de leniência de empresas corruptas, parece um certificado de licença para roubar. Bolsonaro agradece e conta com a impunidade. Sem se poder contar com a Lava Jato, resta-nos agora apoiar a CPI da Covid-19, para que aprofunde as investigações do crime contra a saúde pública do Presidente da República, e escancare a rede de corrupção no Ministério da Saúde que ronda o Palácio do Planalto. Quem sabe assim o Brasil se livre da fúria destrutiva e ditatorial do presidente, da irresponsabilidade, da estupidez e do deboche de Jair Bolsonaro.
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