A man walks past a mural of frontline workers after the government eased a nationwide coronavirus lockdown in New Delhi on July 14.

 

O mundo hoje fala do paradoxo brasileiro. O único país do mundo que tem um governo radicalmente contrário à vacina, e o povo faz fila para se vacinar.  Alguns chegam de madrugada para garantir a vacina, já que comumente as doses não são suficientes, pois os governos têm “gênios” de logística, como um conhecido ex-ministro da Saúde. 

É do conhecimento de todos a postura de negação da covid 19 por parte dos membros do governo federal, presidente em primeiro lugar, que dizia tratar-se de uma “simples gripezinha”. É soberbamente conhecido o desdém por parte do governo federal em relação aos óbitos provocados pela pandemia. “E daí? Não sou coveiro”, dizia o Presidente. Assim como é de conhecimento público a pregação de um tratamento precoce, comprovado mundialmente como ineficaz, pelo ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e o atual. As inúmeras tentativas da Pfizer para vender vacinas ao Brasil foram sistematicamente negligenciadas por diversos ministérios, do da Saúde ao da Economia. Mais recentemente, janeiro de 2022, aquele ministério emitiu uma nota deslegitimando as vacinas e preconizando o uso de medicamentos comprovadamente ineficazes. 

A recomendação internacional para a vacinação de crianças a partir de cinco anos, iniciada no ano passado em diversos países do mundo, sofreu uma forte reação de recusa do Presidente e seu ministro da Saúde. O governo chegou ao ridículo de chamar uma audiência pública para decidir sobre a aplicação das vacinas, como se fosse possível consultar os cidadãos para saber se um satélite tem condições ou não de ser enviado ao espaço.

A tudo isso, e muito mais, soma-se a declaração do Presidente de que aqueles que tomassem a vacina iriam “virar jacaré”, e as tentativas de sonegar informações sobre a disseminação do vírus no país, a ocupação dos leitos de hospitais e o número de óbitos. A tudo isso, o povo tem respondido de uma forma serena e forte, procurando a vacina, enfrentando filas para se vacinar, uma, duas, três vezes, afrontando a negligência governamental cotidiana. 

Segundo estudo realizado em parceria do Banco Mundial e do PNUD, o Brasil é o país na AL com menor índice de pessoas que dizem recusar a vacina. A taxa média de hesitação vacinal na AL está em torno de 8%, e no Brasil, 3%. Já se aproximam de 80% os vacinados no Brasil. A média dos países latinoamericanos é de 51%. 

Em pesquisa da consultoria Kantar Public (04/02/2021), 37% dos franceses declararam que não têm intenção de se vacinar, 26% nos Estados Unidos; 23% na Alemanha, 17% na Holanda e 12% no Reino Unido. Pesquisa recente revelou que 16% dos brasileiros se dizem contra a vacina, mas apenas 2% declararam que não iriam se vacinar. Os adeptos ideológicos, e irracionais, do governo pregam contra a vacina, mas se previnem vacinando-se. A vacina para o Presidente do Brasil é ineficaz, mas seus filhos de maior idade estão todo vacinados, além de sua esposa.  

Apesar do governo, o povo busca a vacina. Apesar de seus políticos corruptos, sua elite irresponsável e sua intelectualidade esnobe – que diz que o povo não presta – o brasileiro continua acreditando na ciência e na democracia. Povo arretado!!!