discussing – by louis Charles moeller.

 

Mais conversas, em livro que estou escrevendo (título da coluna). Como ontem foi o?Dia do Advogado, hoje só com eles. ? 

ALBERTO TRABUCCHI,?presidente do Círculo dos Juristas Católicos da Itália.?Ao ver homens procurando comida, no lixo da feira de Jaboatão, me perguntou 

–?O Brasil é um país católico? 

– Claro, professor, maior país católico do mundo. 

E ele, sem alterar a voz, 

– ?O Brasil é um país católico? 

– Não. 

GIBRALDO MOURA COELHO,?advogado penalista.?Na Ditadura, quando Nilo Coelho foi nomeado governador de Pernambuco, a gente ficava dizendo ao velho comunista 

– Agora você vai se apresentar, dando ênfase no sobrenome, como Gibraldo Coelho (assim era conhecido). Só para ter vantagens, nas delegacias, por pensarem que é parente do governador. 

– Parem com isso, por favor, todos sabem que sempre fui oposição. 

– Nada, Gibraldo, você quer mesmo é faturar. 

E foi tanta brincadeira que tomou uma decisão drástica. Trocou de nome. Passando a ser, para todos os fins, Gibraldo Moura. Na placa do escritório, nos papéis, no catálogo telefônico, nos cartões de visita. Só não contava é que o governador que substituiu Nilo Coelho fosse José… Moura. Como ele, agora, Gibraldo Moura. E não perdi a oportunidade 

– Bicho inteligente, virou Moura só para se aproveitar do sobrenome. 

– Aqui para nós, amigo, Ele não foi justo. 

– Ele quem?, Gibraldo. 

– Deus, Zé Paulo. Deus. 

RAIMUNDO FAORO,?presidente da OAB Federal.?No seu escritório de advocacia (Rio). Com ele seu sucessor, na OAB, Eduardo Seabra Fagundes. Pouco antes uma carta, endereçada a Eduardo, foi por engano aberta por sua secretária, dona Lydia Monteiro da Silva. Que, bom lembrar, morreu na explosão de bomba posta dentro dela. Preocupado com a segurança da família, informou que vendeu todo seu patrimônio e depositou, o apurado, na Suíça. Se a violência aumentasse, iria morar fora. Faoro fechou a cara. 

? Achou ruim?, Faoro. 

? Achei péssimo, que você é símbolo dos advogados brasileiros. Vai parecer que todos nós estamos acovardados. 

? Você só diz isso, Faoro, porque não tem o que eu tenho, que é dinheiro. 

? Não, Eduardo, eu é que tenho o que você não tem, que é culhão. 

Fim da relação. Faoro jamais o perdoou. Inúteis os esforços dos amigos comuns que, várias vezes, fomos a seu escritório para tentar fazer as pazes entre os dois.