O desenvolvimento de uma nação é sempre uma tarefa difícil e lenta, que exige a liderança de estadistas que olhem para o futuro e tenham capacidade para a construção de instituições fortes e inclusivas. O Brasil carece de homens públicos desta envergadura. E, mesmo que tenha construído instituições democráticas sólidas com a Constituição de 1988, e implementado reformas econômicas e institucionais desde 1995, o Brasil continua contaminado pela corrupção política e governamental, pelos privilégios, pelo fisiologismo e patrimonialismo, e pela rede de apadrinhamento.
O processo de construção das instituições foi interrompido pelo governo de Jair Bolsonaro. Se é difícil e lenta a construção de uma nação, fácil e rápida é a sua destruição. Em apenas quatro anos, Jair Bolsonaro quase destruía o Brasil, desmantelou parte das instituições, tornou o país um pária internacional, entregou a Amazônia para grupos criminosos saquearem a biodiversidade, detonou o sistema educacional, desorganizou a saúde pública, demoliu o Estado brasileiro, tentou militarizar o governo e a vida política e social, provocou a cizânia e estimulou o armamentismo dos brasileiros. Houve algum avanço institucional na economia? Sim. À sua revelia (quase oposição), foi aprovada a Reforma da Previdência e, independente da iniciativa presidencial, o Marco Legal do Saneamento e a Nova Lei do Gás. Fora isso, o governo Bolsonaro foi um vendaval destrutivo que quase arrasou o Brasil e desorganizou o Estado. Como disse o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, “a impressão que se tinha é de que não havia gestão e que tudo era decidido aleatoriamente” (…) “há documentos desaparecidos, há apagões de dados que sempre existiram em governos anteriores e há rombos financeiros inexplicáveis” (…) nem isso dá para saber, simplesmente não existe registro de nada”.
Agora se trata de juntar os cacos, recompor o que foi desmontado e preparar o futuro do Brasil. O presidente eleito, Luís Inácio Lula da Silva, tem dado alguns sinais positivos, mas também motivos para preocupação e dúvida. Será que ele está à altura dos desafios de um país que foi arrasado pela avalanche bolsonarista?
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