Filme ucraniano Estepe, melhor direção

Estepe é uma vegetação de árvores pequenas e espalhadas que, num vilarejo antigo e pobre, reforça a ideia de desolação. Estepe é também o título do filme dirigido pela ucraniana Maryna Vroda, premiado como a  melhor direção entre os 17 filmes da competição internacional, no encerramento do Festival de Locarno, do 2 a 12 de agosto.

Rodado próximo da fronteira com a Rússia, em cores bem leves, começa com a chegada no vilarejo dos dois filhos pouco antes da morte da mãe, e mostra a população idosa contando suas lembranças, logo depois do enterro da velha habitante do lugar. Deixa, ao terminar, a sensação de se estar vivendo os últimos dias da região.

Cada velho habitante tem uma curta história para contar, seja da invasão nazista ou da época de Stálin, sem se referir à resistência contra a Rússia, mesmo porque o roteiro fora escrito antes do começo da guerra atual.

Maryna Vroda conseguiu reunir atores profissionais com velhos habitantes do lugar sem script, garantindo o clima de um documentário. Gestos, objetos, cenas exteriores autenticam a triste beleza do filme e sobretudo, os rostos envelhecidos falando e mastigando em torno da mesa.

Esse primeiro longa-metragem de Maryna Vroda foi feito doze anos depois de ter recebido a Palma de Ouro do Festival de Cannes, em 2011, pelo curta-metragem “Cross”.

O soldado israelense desaparecido

Shlomi, um soldado israelense, deserta, abandona sua tropa em Gaza e corre para ir se encontrar com sua namorada em Jerusalém, para outro tipo de embate… na cama. A conclusão é lógica – se todos os soldados fizessem o mesmo, não haveria mais guerra.

O filme “O Soldado Desaparecido” não diz isso, as coisas não são tão simples, mas conta as peripécias do soldado Shlomi para poder se encontrar com sua amada, antes de ela emigrar para o Canadá. O problema é que, ao perceber a ausência do soldado, as autoridades israelenses concluíram ter havido um sequestro do soldado pelos palestinos, e adotaram represálias.

Dani Rosenberg, o realizador do filme, deplora a obrigatoriedade de os jovens israelenses, na verdade ainda adolescentes, serem obrigados a um amadurecimento prematuro, que significa o fim de uma juventude natural. Numa entrevista publicada pelo jornal do Festival, Rosenberg saúda a criação de um movimento em Israel colocando em questão a obrigatoriedade incontestável de servir o exército.

Dani Rosenberg aproveitou também a presença do filme em Locarno para denunciar a ascensão da extrema direita em Israel, a desilusão de uma parte da juventude, que provavelmente procurará deixar o país. E denunciou as últimas decisões da Knesset fazendo Israel se distanciar da democracia e se orientar em direção de uma ditadura.