Se outrora havia sentido em idealizar a trajetória profissional nos quadros de uma organização, hoje não há, considerando que a estrutura e a dinâmica do mercado de trabalho entraram em um ciclo de transformações sem precedentes. Logo, a vida profissional enseja, minimamente, visão sistêmica, prática colaborativa e capacidade analítica. Nesse sentido, o apego saudosista à tradição atua como um bloqueio ao seu desenvolvimento.
A princípio é imperativo a diferenciação entre alguns conceitos referentes ao mundo do trabalho, tais como profissão, cargo e função. Primeiramente a distinção entre profissão e cargo. Em tese, uma profissão, capacita o sujeito ao exercício dos mais variados cargos que compõem o seu meio de atuação. Assim, um historiador, o profissional da história, pode ocupar cargos variados, como professor, pesquisador, consultor, etc.
Por conhecimento de causa tomarei como exemplo a profissão de historiador. Uma primeira informação relevante é a de que se trata de uma profissão regulamentada a pouco tempo, por meio da Lei n.º 14.038 de 17 de agosto de 2020. Há uma variedade de profissões regulamentadas (administrador, economista, médico, taxista, empregado doméstico etc.) e não regulamentadas (vigilante patrimonial, porteiro, podólogo, youtuber etc.).
O cargo, por conseguinte, indica um conjunto de funções exercidas. Nesse sentido, o exercício do cargo de professor tem como decorrência, dentre outras, as seguintes: (i) elaboração e exposição de aulas; (ii) preparação, aplicação e correção de atividades e/ou avaliações; (iii) motivação e engajamento dos estudantes no cotidiano escolar; (iv) atendimento da comunidade escolar para esclarecimento de dúvidas e/ou orientações.
As funções, por seu turno, dizem respeito às atividades executadas cotidianamente no exercício de seu cargo. No exemplo anterior, foram consideradas as que são comuns a qualquer cargo de professor, seja qual for o nível ou modalidade de ensino. No Ensino Superior, no entanto, são também incumbências do profissional a pesquisa, a extensão e a gestão da instituição, de modo simultâneo ou alternado, na vigência dos mandatos.
Para que se verifique a existência ou não de afinidades eletivas entre o profissional interessado e a organização por ele visada, uma primeira ação concreta é a elaboração do perfil organizacional. Seja no setor público ou no setor privado, ou ainda no Terceiro Setor, esse passo é imprescindível, pois sem ele a navegação será às cegas. Essa etapa se torna uma luta contra o tempo e a ansiedade que acomete os que a vivenciam.
As informações presentes nas redes sociais, em reportagens ou em documentos públicos (estatuto, carta de princípios, manual de ética etc.) são fontes preciosas de dados. Outrossim, poucos meios de investigação são tão eficazes quanto a entrevista com membros da organização. Sendo possível, não se deve deixar de usar tal expediente para prospecção de informações na pesquisa das atividades desenvolvidas pela organização.
Algumas informações são basilares para formar o perfil organizacional e agregar valor, qualificando a tomada de decisão. Merecem destaque: o tipo de produto e/ou serviço disponibilizado; existência ou não de cobrança pelos serviços prestados e/ou produtos comercializados; a realização de parceria com outras organizações e em quais situações, assim como de projetos assistenciais apoiados pela organização e qual o perfil.
Se as informações forem poucas, a reflexão será dificultada, mas não inviabilizada. Uma resposta morosa à solicitação de informações pode ser um indício de baixa receptividade à transparência. Decisão tomada, o passo seguinte é a candidatura! Para não ser excluído por detalhes técnicos, atenção às regras do processo de seleção: documentação exigida, formulários a preencher e, especialmente, o momento de fazer cada coisa.
Em suma, controlar o processo não é uma opção, mas minimizar a percepção de descontrole sim. A informação de qualidade – ou seja, captada, processada, organizada e classificada; originada de fonte comprovada e verificável – exerce um papel expressivo no processo de tomada de decisões dos sujeitos. A informação qualificada, portanto, permite que os atores sociais possam tomar decisões assertivas baseadas em evidências.
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