Crise humanitária em Gaza

Crise humanitária em Gaza

O que ocorre em Gaza é muito mais do que um simples crime de guerra. Trata-se de um crime contra a humanidade. O bombardeio persistente, que já destruiu as cidades e a precária infraestrutura da Faixa de Gaza — onde vivem cerca de dois milhões de palestinos —, matou dezenas de milhares de pessoas e, no cúmulo da perversidade, tem impedido a entrada de ajuda humanitária com alimentos e medicamentos. Somente após o alerta das Nações Unidas, de que 14 mil bebês correm risco de morrer de fome no território palestino, é que Netanyahu autorizou, ainda de forma limitada, a entrada de ajuda internacional. Em uma manifestação claramente racista, membros do governo do premiê Benjamin Netanyahu falam na “purificação de Gaza”, com a expulsão dos palestinos do pequeno território.

Governado por Benjamin Netanyahu, o Estado de Israel é responsável por uma das maiores barbaridades da história recente, negando os valores civilizatórios e massacrando um povo inteiro. Para eliminar o Hamas, as Forças Armadas de Israel destroem o território e esmagam, junto com ele, parte da população palestina. Netanyahu é um criminoso movido pelo ódio, mas age em nome do Estado de Israel e conta com a cumplicidade dos israelenses que lhe dão sustentação política. Embora uma parte da população condene sua política de terra arrasada, a maioria apoia a violência contra o povo palestino — seja por convicções racistas, acreditando-se povo eleito e superior, seja pelo ressentimento provocado pelas atrocidades terroristas do Hamas, que ainda mantém reféns israelenses.

O mundo tem reagido de forma tímida diante da perversa destruição da Faixa de Gaza promovida por Israel. Seja por razões geopolíticas mesquinhas, pela preocupação com a instabilidade no Oriente Médio ou pelo sentimento de culpa histórica relacionado ao antissemitismo, muitos países têm sido coniventes com os crimes de Netanyahu. Os Estados Unidos, sob Donald Trump, que teria tentado um fracassado acordo de cessar-fogo, ignoram as novas ofensivas violentas e até mesmo as restrições à entrada de alimentos e medicamentos em Gaza.

Somente agora, após tanta destruição e morte, os países europeus começam a reagir de forma mais incisiva. A União Europeia, por meio de seus ministros das Relações Exteriores, decidiu suspender o acordo comercial com Israel, medida acompanhada pelo Reino Unido, que interrompeu negociações comerciais, afirmando que a “nova ofensiva em Gaza é moralmente injustificável, totalmente desproporcional e contraproducente”. Ainda é muito pouco — e Netanyahu parece ignorar as declarações e medidas, ainda tímidas, dos europeus. Afinal, conta com o apoio de Donald Trump, que chega a defender a expulsão dos palestinos e a ocupação da Faixa de Gaza por empreendimentos imobiliários no Mediterrâneo.