
Bolsonaro no banco dos réus
O século XXI, contrariando o curso da civilização, iniciou-se com a radicalização religiosa, que deixou sua marca de destruição no centro de Nova York, com o insano ataque às Torres Gêmeas. As crises migratórias na Europa, com milhares de refugiados buscando abrigo nos países ricos para fugir das guerras e da miséria que assolavam suas nações, criaram o ambiente propício para o ressurgimento das forças ideológicas de extrema-direita no mundo.
Herdeiras, com suas diversas variações, das terríveis experiências de regimes totalitários como o nazismo e o fascismo, essas forças voltam a conquistar poder — novamente pela via democrática, como fizeram no passado. Atingem a democracia mais longeva, com Trump; consolidam-se como regime autocrático na Hungria; e crescem eleitoralmente em países importantes, como França e Itália.
As democracias ocidentais e seus valores civilizatórios, construídos após duas grandes guerras no século XX, passam a ser desafiados.
No Brasil, essa onda da extrema-direita foi representada por Jair Bolsonaro, que governou o país de 2019 a 2022, sempre testando sistematicamente os limites institucionais do Estado Democrático de Direito.
A invasão da horda golpista à Praça dos Três Poderes, no fatídico 8 de janeiro de 2023, marcou o momento em que o bolsonarismo fincou suas garras no coração da nossa democracia.
Depois do pesadelo que foi o governo Bolsonaro para a nação democrática, o Brasil, por meio de suas instituições, dá um exemplo ao mundo.
Nesta semana, os envolvidos na trama golpista sentaram-se no banco dos réus.
Assistir ao rito do interrogatório — no qual todos os réus se curvam diante da Justiça, despidos de sua arrogância habitual e de suas certezas autocráticas cegas — representa um importante momento para a democracia.
Que venham as sentenças.
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