Mais uma semana para terminar 2020. A tormenta não acaba com a virada do calendário, é verdade. Nem sequer podemos comemorar algum alívio no final deste ano arrasado pela pandemia, na medida em que uma nova onda de propagação do vírus está sacudindo o Brasil e deve ampliar-se com os festejos de Ano Novo, por mais que sejam suspensos os grandes eventos. E enquanto vários países estão chegando ao final do ano com a vacinação contra a Covid-19 em andamento, um fato positivo neste desgraçado 2020, nós sequer sabemos quando terá início a aplicação das vacinas na população brasileira. E sem ela não há reanimação possível da economia.
A tragédia econômica e social foi menor do que se temia graças às medidas emergenciais destinadas a proteger a economia e a população vulnerável. A economia brasileira deve declinar (apenas?) 4%, acompanhada de elevado desemprego e, apesar dos auxílios, aumento da pobreza e das desigualdades. Se o governo atuou corretamente nestas medidas emergenciais, foi um desastre na gestão da crise sanitária, principalmente pela atitude do presidente da República, minimizando a gravidade da situação, contestando o isolamento social, reforçado pelo próprio comportamento público, sugerindo medicamentos não apropriados e, principalmente, negando o valor científico das vacinas.
O Brasil encerra este ano de sofrimento e angústia com quase 200 mil mortos vítimas do coronavírus, com um desemprego de 14,5% da População Economicamente Ativa, turbulência institucional e do sistema federativo, insegurança jurídica, continuidade cínica da corrupção nas instituições governamentais e uma enorme crise fiscal. Podemos comemorar que está terminando um ano trágico. Mas foi um ano tão covarde que deixa como herança maldita uma grave crise fiscal, que vai comprometer o Ano Novo. Vai embora deixando um rastro de sofrimento, e ainda joga uma bomba no colo dos brasileiros.
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