Os ministros do STF-Supremo Tribunal Federal e do TSE-Tribunal Superior Eleitoral deram um contundente basta no presidente Jair Bolsonaro, com a sua insistente ameaça de que não haverá eleições em 2022, caso não seja aprovado voto impresso atrelado à urna eletrônica. E não se limitaram a pronunciamentos contra as mentiras e manipulações. Foi aprovada a abertura de um inquérito administrativo e a inclusão de Bolsonaro no inquérito das “Fake News”. Todos os ex-presidentes do TSE afirmaram em nota que as “urnas eletrônicas são auditáveis em todas as etapas do processo, antes, durante e depois das eleições, e acompanhadas pelos partidos políticos, a Procuradoria Geral da República, a Ordem dos Advogados e a Polícia Federal”. Periodicamente, o TSE submete as urnas a rigorosos testes de higidez e segurança.
Claro que a impressão do voto não atrapalha em nada a segurança e a qualidade do pleito eleitoral. O que é inaceitável é a afirmação do presidente da República, de que não haverá eleições no Brasil se o Congresso não aprovar o voto impresso, uma ameaça de ruptura das regras democráticas, e a denúncia infundada de fraude eleitoral, que gera desconfiança da sociedade no sistema de votação e apuração de votos.
Esta obsessão esconde uma estratégia de Bolsonaro para o caso, provável, de derrota nas eleições de 2022. Se o Congresso não aprovar a impressão do voto, ele vai dizer que houve fraude, e estimular uma agitação política no país. Com os votos impressos, ele vai sugerir fraude na apuração e pedir recontagem manual, gerando tensões e incertezas, que favorecem a convocação dos seus milicianos reais e virtuais para promover o caos social no Brasil. Para seu espírito autoritário, só não haverá fraude se ele ganhar as eleições. A reação do STF e do TSE vem em boa hora: um recado claro ao presidente, e um chamado às instituições e aos democratas brasileiros para defender as eleições, com ou sem impressão do voto.
Fraude é denunciar fraude inexistente.