As empresas estatais exerceram um papel central na formação da economia brasileira, com investimentos pesados em segmentos estratégicos de lenta maturação e retorno relativamente baixo. Assim, a partir da década de 1950 e, principalmente nos anos 70, as estatais passaram a ocupar parcela importante da economia brasileira, no petróleo, na energia, na telefonia, e na mineração. As condições do Brasil mudaram radicalmente e o espaço para empresas estatais e privadas se redesenham e complementam. Ocorre, contudo, que o lado positivo das estatais na formação da economia se mistura cada vez mais com um componente perverso de uso político-partidário e a manipulação para interesses de politica econômica, empreguismo, favores e compra de apoio político. Quantos votos no Congresso valem uma diretoria da Petrobrás ou a presidência de Itaipu? Pergunta ao PMDB ou ao PP. O governo vem usando e abusando das empresas estatais para seus propósitos, nem sempre republicanos, tanto para negociação de apoio como para conter as pressões inflacionárias com prejuízo da viabilidade econômica das empresas. A Petrobrás compra petróleo caro para vender barato, e a Eletrobrás foi forçada a reestruturar preços para fazer demagogia. Desde o início do governo atual, a Petrobrás, a Eletrobrás e o Banco do Brasil perderam juntas R$ 262 bilhões de valor de mercado devido à gestão temerária e manipulada politicamente, para dizer o mínimo. Mas a Federação Única de Petroleiros diz que é a oposição e a imprensa que “sangra a Petrobrás no ringue das disputas políticas”. Muita estranha essa inversão de responsabilidade, que considera possível uma empresa poderosa como a Petrobrás ser “sangrada” apenas pelas palavras e críticas da oposição e dos editoriais dos jornais.