Educação na Idade Média - autor não localizado

Educação na Idade Média – autor não localizado

 

Educação para quem? 

  1. No mundo pré-industrial

Na Grécia e em Roma, educação era para os cidadãos (escravos, mulheres e estrangeiros não eram educados). Na Idade Média, o “para quem” evoluiu para os sacerdotes, soldados, alguns profissionais, médicos, teólogos, filósofos e alguns auxiliares de príncipes. A Revolução Industrial trouxe a necessidade de educar-se a população de trabalhadores, mas a educação continuou desigual e restrita a cada país.

A formalização da escola como o lócus para educar surge simultaneamente com a formalização de educação para alguns. Ao sair da educação primitiva dos povos originários por todos e para todos da comunidade, a escola passa a ser o centro de formação para dirigentes e privilegiados: os aristocratas e seus filhos, que seriam os sacerdotes, soldados e gestores. A escola e os tutores se especializaram e foram apropriados, até mesmo sequestrados, pela minoria privilegiada por ser educada e educada por ser privilegiada. Excluíram parcela da população e com isto transformaram escola na máquina de exclusão para os que não a frequentam.

  1. No mundo industrial

A Revolução Industrial, consequente do Renascimento e do Iluminismo, provocou uma revolução no “para quem” dar educação, sobretudo a partir da Reforma Protestante, com sua ênfase na alfabetização para ler a Bíblia, e na profissionalização de engenheiros mestres e operária para criar e manusear as máquinas. A partir do final do século XIX, surge e começa-se a praticar a inusitada ideia de educação para todos. Mesmo assim, a escola permaneceu e ainda permanece desigual na qualidade, conforme a nação e conforme a classe social dentro da nação. Inclusive, até há poucas décadas, conforme o gênero, excluindo as mulheres.

Ao promover urbanização e as tecnologias de produção, a Revolução Industrial exigiu a ampliação no número de pessoas escolarizadas. Surgiu a ideia de escola pública universal dentro dos países industriais, mas a minoria privilegiada manteve o controle da qualidade escolar apenas para seus filhos, deixando os filhos dos pobres em escolas sem qualidade. A desigualdade na qualidade da educação se mantém como uma trincheira da desigualdade social, e da desigualdade entre as nações. Em escada mundial, cada país se preocupa em formar apenas os seus cidadãos. Em alguns países europeus, aceita-se dar escola aos filhos dos imigrantes, mas não se propõe um programa mundial de educação universal a todas as crianças do mundo.

A educação ampla só surge com a social-democracia e o socialismo. Mas para dentro do país. Hoje é preciso imaginar a educação para todos, independente da renda e do país. O futuro da humanidade exige e permite assegurar boa educação para todos.

  1. Na Era Antropoceno do mundo global

A globalização colocou todos os seres humanos em um só mundo, separando as pessoas por uma cortina de ouro e dividindo-os socialmente, conforme indica o desenho abaixo.

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A cortina de ouro divide os herdeiros dos primeiros homo sapiens e ameaça o futuro. A continuidade desta separação não apenas impede a evolução da humanidade, mas deve levar à catástrofe moral de quebra da semelhança entre todos os seres humanos. Com a permanência da desigualdade social e o uso do avanço da biotecnologia à serviço dos ricos, os descendentes dos primeiros homo sapiens se dividirão em duas espécies biológicas dessemelhantes. A divisão mantém o clima de insegurança no mundo, pela migração em massa com consequente desarticulação social da parcela rica, ou uso imoral de armas de extinção, em auxílio à tarefa dos mediterrâneos visíveis ou invisíveis que muram as sociedades, implantando o apartheid em escala mundial, dentro de cada país. O resultado será o impulso ao terrorismo, inclusive com armas de destruição em massa, desmoralização moral dos valores filosóficos da modernidade.

A derrubada da cortina de ouro em cada país e no mundo só se fará pela educação em massa de todos os habitantes do Planeta, independente da renda e do endereço. Todos em escolas que permitam aprender o que é necessário, moral e tecnicamente, para promover a evolução da humanidade em um mundo melhor e mais belo.

Como fazer a educação?

  1. A escola teatral

Para preparar os agentes sociais da modernidade, foi preciso a maior de todas as evoluções humanas: a escola. Mais do que a roda, a democracia, o domínio do fogo, escola foi a invenção que permitiu o surgimento de outras invenções.

Por longos séculos, os povos originários usaram a educação simbiótica, onde a sociedade era a escola, pais e filhos eram alunos e professores. O surgimento da escola modificou a educação, profissionalizando-a. Inicialmente feita por tutores, na China, Grécia, Roma, depois, por professores em escolas religiosas, católicas ou muçulmanas no período medieval. A escola era o local onde o professor profissional exercia o magistério com auxílio da lousa individual ou papiros, em turmas de poucos alunos.

No século XV, o alemão Gutenberg, de fora da escola, fez a monumental revolução educacional ao inventar a imprensa; no século XVIII, o professor escocês James Pillans inventou o quadro negro, dando o salto que se mantém até hoje: a escola teatral do professor entre os alunos e quadro, e permitir que a memória e a retórica saísse da memória e fosse às páginas de livros acessíveis a todos, mas a escola continua teatral.

  1. A escola cinematográfica

Esta escola prevaleceu através de séculos até há apenas alguns anos, quando a revolução científica e tecnológica, digital e informática, trouxe o desafio de transformar a escola teatral em escola cinematográfica. A pedagogia passa o desafio que a arte dramática atravessou ao avançar do teatro ao cinema.

Na nova escola cinematográfica, a lousa é substituída pela televisão e pelo computador; as imagens desenhadas em sala são substituídas pelo uso de filmes criados a partir de bancos de imagens e de informações, do tipo Google e Youtube, compostos pelas modernas técnicas e efeitos especiais da comunicação social informatizada e interativa entre os aprendentes e ensinantes. O professor cinematográfico será o roteirista da peça pedagógica, que, com o apoio de profissionais especializados na localização de informações e na programação visual, substituirá a aula teatral, ainda presente na quase totalidade das escolas atuais, para promover a transmissão do conhecimento. Além disso, o professor do futuro precisará contar com o apoio do especialista para colocar em rede a peça cinematográfica pedagógica de forma que ela possa ser atendida no lócus da escola ou qualquer parte que o aluno aprendente desejar.

A escola do futuro deverá ser cinematográfica, digital, híbrida, no presencial e no remoto, interativa, dinâmica, multidisciplinar, convivendo com as ferramentas da inteligência artificial. Em um texto de Anastasiya Jordan, estima-se em 5 milhões o número de escolas no mundo. É um grande avanço do homo sapiens até este momento, mas pode-se desejar que ao longo das próximas décadas a humanidade evolua para todas elas estarem integradas, tanto na qualidade de cada uma delas quanto na rede que as unifique. No mundo global, os bancos, aeroportos e supermercados são todos parecidos e razoavelmente integrados, enquanto as escolas são desiguais e isoladas entre elas.

Ao tempo em que a educação era para dar resiliência à inteligência do homo sapiens em relação à natureza, para fazer uma comunidade mais segura e confortável, a educação buscava dar resiliência para o homo sapiens conviver com a natureza ao redor, agora, deve ter o propósito de cuidar da Terra e da Vida, promovendo a continuidade da evolução humana de forma sustentável ecologicamente, justa socialmente em escala planetária, livre politicamente, pacífica, facilitando a cada ser humano a busca de sua felicidade pessoal.

Levando em conta o mundo onde vivemos, e os riscos para onde caminhamos, é preciso educar para que desde a escola primária se perceba as incertezas e se adote o gosto pelas dúvidas, mais do que pelas certezas. Mais do que aprender afirmações que vêm do passado, usá-las para construir novas perguntas. No lugar de respostas prontas nos livros, o professor deve transmitir o gosto por conhecimentos novos, inéditos e surpreendentes.

A educação deve ser para fazer as novas gerações viverem sem medo e com gosto pelas incertezas. Mais do que aprender a ter resiliência com uma natureza estável, que mudava apenas pelas estações do ano, agora é preciso uma resiliência com o instável mundo real que muda conforme o esgotamento de recursos e as mudanças climáticas, mundo de ideias que mudam no curto prazo da vida de cada pessoa. A educação deve ensinar a viver em um mundo fluido na realidade e nas ideias, um mundo em permanente estado de terremoto social e ideológico.

Sobretudo, a educação do futuro vai precisar conviver com o maior dos terremotos: o potencial do uso e o risco da inteligência artificial. A inteligência natural, que permitiu ao homo sapiens ter capacidade de resiliência superior aos demais animais, agora descobre que esta inteligência criou máquinas e hábitos cujo produto ameaça a resiliência e a sobrevivência da espécie, e se surpreende que inventou a inteligência artificial que apresenta o maior de todos os desafios à educação, tanto no “para que”, quanto no “para quem” e no “como fazer”.

As palavras-chave da educação no futuro

Para que Para quem Como
Incerteza Todos os humanos Cinematográfica
Ecologia Todas as idades Digital
Sustentabilidade Todos os países Dinâmica
Solidariedade Todas as raças Banco de dados
Evolução Todas as classes sociais Imagens
Vetor Global Programação visual
Educacionista Planetário  Dupla resiliência
Humanidade Interativa
Natureza Integral
Deslumbramento Informática
Entendimento Mídia social
Bem-estar Internet
Metamorfose Aprendente
Diversidade Ensinante 
Tolerância