Ademir segundo, o distraído
O que valem os partidos? A conversa dos deputados do PSB com o DEM comprova este valor. Perto de zero, pura circunstância.
Lula é maior do que o PT. E se for eliminado da corrida eleitoral do próximo ano? O que restará do PT?
Temer periga ficar até 2018. Dilma saiu porque perdeu o apoio das ruas, da mídia, dos empresários e do Parlamento. Temer perdeu apenas o apoio dos dois primeiros, e com as notícias positivas da economia, como o aumento da arrecadação do primeiro semestre e o PIB zero, embora ainda medíocres, tem garantido o apoio do empresariado. Que daqui a pouco vai pressionar a mídia. As ruas, ou a opinião publica, não tem como virar, pelo menos neste ano. No próximo, quem sabe?
A permanência do Temer ajuda o PT. Mas se a economia se recuperar, de fato, no ano próximo, nem tanto.
Mais um crime contra a Nação se prepara no Congresso com as ideias mirabolantes dos deputados e senadores para não serem eliminados pelo voto dos eleitores. Inventa-se votação por lista – onde ficarão escondidos todos os corruptos; fundo eleitoral extraordinário, que chega a 6 bilhões, vamos dar dinheiro forçado a partidos dos quais descordamos; isenção aos candidatos a presidente – se se tem um inimigo para matar, é só executar e depois candidatar-se a presidente, que não será preso. Até o parlamentarismo, aquela mesma solução que se tentou nos anos 1960 e 1990, e o povo derrotou em plebiscito, está sendo desenhada.
Ciro bateu no Lula. Qual a estratégia do pavio curto? Será que vai perder, outra vez, a chance de ser presidente, por falar besteira? Na campanha anterior declarou que o papel de sua mulher no processo eleitoral – atriz famosa da Globo – era dormir com ele. Lascou-se com o eleitorado feminino. Despencou nas intenções de voto. E agora?
Quem diria, Aécio, Dilma, Temer e Lula, juntos, preparam manifestos, por meio de seus representantes, contra a Lava jato. Claro que não vai ser explicitamente contra, que não estão loucos, mas sob a fachada de reclamarem sobre a ausência do Estado de Direito, porque alguns de seus próximos estão presos – em condições que nada lembram as dos presos comuns – ademais, têm processos. Pena que eles, e seus partidos, nunca falam isso quando a polícia derruba a porta do barraco e mata seus moradores, inclusive crianças. Só protestam agora, quando eles estão ameaçados de serem presos, com processos que se arrastam meses e meses, com amplo direito à defesa. O impeachment de Dilma durou sete meses e meio. Imagine se a polícia entrasse em suas casas e os prendesse. Neste caso não existiria democracia no País. Contudo, quando se trata do pobre, nenhuma democracia está ameaçada. Minha vizinha, pouco inteligente, não consegue entender que isso é o que se chama luta de classes: prisão para os pobres pode, para os ricos, nunca.
Uma dezena de pessoas, da Petrobrás e de outras empresas, declarou que Vaccari, o tesoureiro do PT, extorquia dinheiro das empresas que ganhavam licitações de fachada na Petrobrás para as contas do PT. Não é suficiente para dois dos juízes do TRJ da quarta região. Revogaram a condenação do Juiz Sergio Moro, absorvendo Vaccari. Parece que para estes juízes o cara só é ladrão se tiver filme com o dito cujo pegando o dinheiro. Este é o critério que eles utilizam com os pobres? O torcedor do Santa Cruz do bar da esquina duvida.
O povo em Brasília não fala de outra coisa: houve acordão no STF. Votou-se para garantir a instituição da delação premiada e assegurar este papel a PGR, em troca soltou-se Rocha Loures, para não denunciar Temer e, de quebra, também o Aécio, para assegurar o apoio do PSDB. Claro que a possibilidade de anulação das delações foi mantida. Cheiro de Pizza no ar. Um doce para Edson e outro para Gilmar.
O Antagonista divulgou, em segunda mão, texto de um blog que diz o seguinte: ”Gilmar Mendes, espertamente, usa a indignação da população com os benefícios alcançados pelos irmãos Batista – afinal, ninguém gosta de impunidade – para alcançar MAIS IMPUNIDADE. Só que agora de todos os poderosos envolvidos e revelados pelas investigações. Alcança-se assim o sonho de salvarem-se todos os políticos, de Lula a Temer”. Isso, anulando os acordos de delação, e com eles todas as provas, afinal os frutos de uma árvore podre são necessariamente podres. Como dizia um amigo meu: “Os canalhas não dormem”.
A Operação Lava Jato não tem mais equipe especial. Fundiu-se no fundo comum das investigações. Este ministro da Justiça promete. Enquanto isso, a Câmara dos Deputados prepara lei enfraquecendo a delação premiada e a prisão preventiva. Nesse andar, daqui a pouco não resta mais nada do combate à corrução. Voltamos ao tempo do Maluf e do Sarney, jamais condenados.
A aposta no bar da esquina é quando Temer cairá. Um obstáculo está sendo superado: já está desenhado o sucessor. Rodrigo Maia, aquele mesmo que está citado nas delações premiadas. Não tem jeito, diz minha vizinha, sai um denunciado entra outro. Será? As chances não são grandes.
Em tempos pretéritos, na Inglaterra, um pastor encontrou uma velhinha rezando horas e horas, durante dias e dias. O que houve, minha senhora, porque reza tanto, perguntou? É para o rei não morrer, disse a velhinha. Mas se o rei é tão ruim, como a senhora pode rezar para que ele permaneça? É que o senhor não conheceu o pai dele. Era ruim, mas muito menos. Neste pé, o próximo será insuportável.
Brasília, 19/07/2017
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