Nesta semana, o tresloucado presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, aumentou o tom das suas declarações destrutivas e ameaçadoras. Como o “gendarme do planeta”, Trump ameaçou atacar a Coréia do Norte com “fogo e fúria jamais vistos no mundo”. Mostrando sua total indisposição para o diálogo e a negociação, ele ainda criticou as iniciativas de governos anteriores, como Clinton e Bush, de entendimento com a Coréia do Norte, afirmando que não tinham servido de nada. Mais uma vez Trump falsifica (ou desconhece) a história. Negociações de governos anteriores tinham aliviado bastante as tensões dos Estados Unidos com a Coréia do Norte. É verdade que os entendimentos andaram de lado depois da sucessão da monarquia norte-coreana, que levou ao poder o aventureiro e provocador Kim Jong-um, mas é igualmente verdade que a China vem atuando diplomaticamente para conter os impulsos juvenis do ditador da Coréia do Norte. Poucos dias depois da fúria contra o pequeno país asiático, Trump virou sua metralhadora giratória contra a Venezuela, anunciando que poderia intervir neste país utilizando a força militar. A gravidade da crise política, econômica e social da Venezuela, incluindo a quebra das regras democráticas, não justifica a ingerência externa de qualquer país, menos ainda esta condenável ameaça de intervenção militar norte-americana no anacrônico e grosseiro estilo do velho imperialismo. E em assuntos internos, Trump não fica atrás. Diante do conflito racial na pequena cidade de Charlotte’s Ville, marcado pela agressão de grupos racistas e neonazistas altamente armados, o presidente dos Estados Unidos jogou para os dois lados, algozes e vítimas, a responsabilidade pela violência. Para não perder o apoio do seu eleitorado racista, o presidente dos Estados Unidos evitou condenar o movimento de “supremacia branca”, o que fortalece, legitima e estimula o racismo no país. Desde que Donald Trump assumiu o governo dos Estados Unidos, há menos de um ano, entre susto e perplexidade, o mundo vive num estado permanente de insegurança com suas declarações estapafúrdias e suas decisões irresponsáveis. Até onde vai a sua insanidade e quanto tempo o mundo vai suportar a irresponsabilidade do presidente da mais poderosa nação do planeta?
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Caro João,
“Será?” fez muito bem tempo desses quando baniu da página de comentários as diatribes de um leitor que escreveu em termos chulos. Se tal política não estivesse em vigência, juro que era bem possível que eu hoje extrapolasse nos modos e chocasse um ou outro leitor ao dizer o que que deveras acho de Donald Trump. Em nome da compostura, porém, fico só na intenção.
Abraço,
Fernando
Caro Fernando, sem o brilho e a elegância das suas palavras, porém com a eloquência dos raivosos, peço permissão aos ilustres editores dessa revista para expor um dos meus sonhos utópicos, que diariamente alimento em meu imaginário. No mais alto estilo tragicômico, imagino a cena de um proctologista receitando a Trump um supositório de nitroglicerina, restando a ele apenas o desfecho da ópera do Rei Arthur – “let me, let me freeze again to death”. Como bem disse Jabor: “que Jesus e Ala nos protejam”
Maravilha, Eurico, você captou tudo.
Na forma, no espírito e na erudição.
Abraço,
Fernando
Os Editorais da revista “Será?” sempre procuram apresentar argumentos e raciocínios para justificar e tornar inteligíveis suas posições. Imagino que o objetivo seja melhorar a qualidade do debate político no Brasil, que, espantosamente, ainda está cheio de gente (até intelectuais) que acham que xingamento e baixo calão é debate político. É um nível preocupante por causa do risco de nos depararmos com populistas de ambos os extremos do espectro político em 2018, que, como é notório, fazem amplo uso de xingamentos e baixo calão.