Editorial

Os governadores do Nordeste são o último baluarte da resistência à reforma da Previdência no Brasil, na contramão de todos os outros governadores e da grande maioria do Congresso Nacional. Inventando motivos, seja para se apresentarem como os defensores dos pobres e oprimidos, seja para barganhar favores financeiros do Governo Federal, os governadores do Nordeste atrapalham as negociações para a aprovação da reforma. Num primeiro comunicado divulgado em março, posicionaram-se contra a reforma porque condenavam a inclusão, na proposta, do BPC-Benefício de Prestação Continuada, da Previdência Rural e do sistema de capitalização, três pontos que já estavam sendo rejeitados pela maioria dos congressistas e, em grande parte, já tinham sido contabilizados pelo Governo. Entretanto, mesmo depois da retirada destes pontos do relatório apresentado na Comissão Especial da Câmara de Deputados, os chefes do Executivo nordestinos continuam sabotando a reforma da Previdência, num grave e irresponsável desserviço ao país. Eles adorariam que a reforma incluisse Estados e Municípios, ajudando a moderar o déficit previdenciário dos seus Estados, e poupando-os da apresentação, às Assembléias Legislativas, de uma impopular proposta de reforma da Previdência que provocaria grande insatisfação nos servidores públicos. Mesmo assim, manipulam e barganham com o Governo Federal, tentando “vender” seu apoio à reforma em troca de maiores favores financeiros da União, que não têm nada a ver com a questão previdenciária: divisão de recursos do petróleo, securitização das dívidas estaduais, e Imposto sobre Operações Financeiras no lugar de aumento da CSLL-Contribuição Social sobre Lucro Líquido. Além de atrasar a reforma, os governadores do Nordeste prejudicam os outros Estados da Federação, que a ela têm demonstrado claro e inequívoco apoio, jogando a sua região contra o Brasil. A pretexto de serem oposição ao presidente Jair Bolsonaro, estão fazendo oposição ao nosso país, que precisa, desesperadamente, de uma reforma previdenciária. Pior, estão se posicionando contra os interesses do próprio Nordeste, já que seus Estados apresentam também elevados déficits previdenciários.