Protestos na UcrâniaA Ucrânia é uma das nações mais importantes na geopolítica global e na disputa diplomática que se desenrola na Eurásia. É isto que está em jogo nas decisões atuais do governo e nas manifestações da população diante de uma delicada e difícil escolha entre a União Europeia e o projeto da Rússia de uma União Econômica Eurasiana, juntamente Belarus, Cazaquistão, Armênia e o Quirguistão. Ucrânia é o verdadeiro celeiro agrícola e um estado altamente industrializado, situado numa posição estratégica entre a Rússia e a parte oriental da Europa. A divisão da Ucrânia entre os dois projetos – Europa ocidental e Rússia – é antiga e reflete as diferenças políticas e econômicas entre os dois blocos mas também contém uma grande carga psicológica decorrente das relações ambíguas na sua história com a Rússia durante os 70 anos da União Soviética. A coletivização violenta e devastadora da agricultura realizada por Stalin na Ucrania, para financiar a acelerada industrialização da União Soviética, foi acompanhada de prisão e deportação de milhões de camponeses médios e provocou desorganização econômica e fome no país. A política das nacionalidades de Stalin levou aos grandes expurgos políticos na Ucrânia com a eliminação de parte significativa da sua elite politica e cultural. Não é surpreendente que exista na Ucrânia um forte nacionalismo e um sentimento nacional anti-russo que se expressa nestas manifestações contra a aproximação do governo de Yanukovych com Putin, com a assinatura do generoso acordo de ajuda econômica, e a suspensão das negociações com a União Europeia. Mas a Ucrânia tem uma grave dependência energética da Rússia, fornecedora de petróleo e gás natural. E a União Europeia, por outro lado, com seus próprios problemas não tem condições de apoio diante da crise e para a modernização econômica da Ucrânia.

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