A intensa e cotidiana publicidade dos governos em todos os níveis e através dos diversos meios de comunicação tornou-se banal e corrente, aceita como absolutamente normal, tanto quando a propaganda para vender Coca-cola ou carros da Volkswagen. Ninguém parece fazer a mais simples e óbvia pergunta: os governos estão vendendo o que quando gastam bilhões para veicular suas mensagens publicitárias nos veículos de comunicação? Dados levantados pelo jornalista Fernando Gallo, do Estado de S. Paulo, mostram que o governo federal vem gastando R$ 1,5 bilhões por ano com publicidade, metade dos quais através das empresas estatais e metade pelos ministérios e, principalmente, pela Presidência da República. Os Estados não ficam muito atrás: São Paulo vem gastando cerca de R$ 244 milhões por ano. E não seria exagero estimar que União e Estados juntos gastem mais R$ 2 bilhões de reais por ano com publicidade. Os governos explicam que a publicidade governamental tem como objetivo “levar à população informações de utilidade pública para assegurar seu acesso aos serviços a que tem direito e prestar contas sobre a utilização dos recursos orçamentários”. Mentira. A publicidade governamental, inclusive das estatais, é pura e descarada propaganda política tentando mostrar, muitas vezes de forma claramente enganosa, as supostas realizações do governante. Do mesmo jeito que a Coca-Cola tenta convencer da qualidade do seu produto, a publicidade governamental procura, com caros e sofisticados apelos e manipulações visuais, ganhar o eleitorado para as próximas eleições. Na sua maioria constitui fraude político-eleitoral utilizando o dinheiro público que poderia e deveria ser usado em projetos de desenvolvimento. Sem falar que parte da publicidade governamental ajuda a cooptar órgãos de comunicação de massa e veículos privados das redes sociais.
Postagens recentes
-
A turbulência de céu clarodez 20, 2024
-
Balanço positivo de fim de anodez 20, 2024
-
Venezuela: suspense numa autocracia caóticadez 20, 2024
-
Chuquicamata, Patagônia, Índios Alacalufesdez 20, 2024
-
Com a Palavra, os Leitoresdez 20, 2024
-
Ceia Natalina, Proust e Polarizaçãodez 20, 2024
-
Última Páginadez 20, 2024
-
O acordo que pode transformar o Brasildez 13, 2024
-
Um islamismo com temperança e liberdade?dez 13, 2024
Assinar Newsletter
Assine nossa Newsletter e receba nossos artigos em seu e-mail.
comentários recentes
- helga hoffmann dezembro 17, 2024
- sergio c. buarque dezembro 17, 2024
- sergio longman dezembro 15, 2024
- helga hoffmann dezembro 13, 2024
- Marcos Conforti dezembro 12, 2024
Alcides Pires A Opinião da Semana Aécio Gomes de Matos camilo soares Caruaru Causos Paraibanos civilização Clemente Rosas David Hulak democracia Editorial Elimar Nascimento Elimar Pinheiro do Nascimento Eli S. Martins Encômio a SPP Estado Ester Aguiar Fernando da Mota Lima Fernando Dourado Fortunato Russo Neto Frederico Toscano freud Helga Hoffmann Ivanildo Sampaio Jorge Jatobá José Arlindo Soares José Paulo Cavalcanti Filho João Humberto Martorelli João Rego Lacan Livre pensar Luciano Oliveira Luiz Alfredo Raposo Luiz Otavio Cavalcanti Luiz Sérgio Henriques manifestação Marco Aurélio Nogueira Maurício Costa Romão Paulo Gustavo Política psicanálise recife Religião Sérgio C. Buarque Teresa Sales
Perfeito o texto. Deveria existir leis que proibissem qualquer mandatário a gastar milhões com propagandas de obras ainda no papel ou em andamento. Só poderiam fazer a publicidade quando fossem entregues à população e se as mesmas não tivessem sofrido qualquer intervenção pelos tribunais de contas. Deveriam ser avaliadas também as propagandas institucionais, que a meu ver são muito fantasiosas e mostram irrealidades, como se tudo funcionasse as mil maravilhas. Talvez assim, o povo pensasse melhor em quem votar.