As empresas estatais exerceram um papel central na formação da economia brasileira, com investimentos pesados em segmentos estratégicos de lenta maturação e retorno relativamente baixo. Assim, a partir da década de 1950 e, principalmente nos anos 70, as estatais passaram a ocupar parcela importante da economia brasileira, no petróleo, na energia, na telefonia, e na mineração. As condições do Brasil mudaram radicalmente e o espaço para empresas estatais e privadas se redesenham e complementam. Ocorre, contudo, que o lado positivo das estatais na formação da economia se mistura cada vez mais com um componente perverso de uso político-partidário e a manipulação para interesses de politica econômica, empreguismo, favores e compra de apoio político. Quantos votos no Congresso valem uma diretoria da Petrobrás ou a presidência de Itaipu? Pergunta ao PMDB ou ao PP. O governo vem usando e abusando das empresas estatais para seus propósitos, nem sempre republicanos, tanto para negociação de apoio como para conter as pressões inflacionárias com prejuízo da viabilidade econômica das empresas. A Petrobrás compra petróleo caro para vender barato, e a Eletrobrás foi forçada a reestruturar preços para fazer demagogia. Desde o início do governo atual, a Petrobrás, a Eletrobrás e o Banco do Brasil perderam juntas R$ 262 bilhões de valor de mercado devido à gestão temerária e manipulada politicamente, para dizer o mínimo. Mas a Federação Única de Petroleiros diz que é a oposição e a imprensa que “sangra a Petrobrás no ringue das disputas políticas”. Muita estranha essa inversão de responsabilidade, que considera possível uma empresa poderosa como a Petrobrás ser “sangrada” apenas pelas palavras e críticas da oposição e dos editoriais dos jornais.
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Alcides Pires A Opinião da Semana Aécio Gomes de Matos camilo soares Caruaru Causos Paraibanos civilização Clemente Rosas David Hulak democracia Editorial Elimar Nascimento Elimar Pinheiro do Nascimento Eli S. Martins Encômio a SPP Estado Ester Aguiar Fernando da Mota Lima Fernando Dourado Fortunato Russo Neto Frederico Toscano freud Helga Hoffmann Ivanildo Sampaio Jorge Jatobá José Arlindo Soares José Paulo Cavalcanti Filho João Humberto Martorelli João Rego Lacan Livre pensar Luciano Oliveira Luiz Alfredo Raposo Luiz Otavio Cavalcanti Luiz Sérgio Henriques manifestação Marco Aurélio Nogueira Maurício Costa Romão Paulo Gustavo Política psicanálise recife Religião Sérgio C. Buarque Teresa Sales
É incrível o ponto a que o Brasil chegou, principalmente com os petistas. Ambição, corrupção desenfreada, desregramento total. Até quando?
Acho que só existe uma solução para o problema das estatais bem desenhado no editorial desta semana: privatizá-las. Privatizá-las, acrescento, impondo ao capital privado regulações efetivas impostas pelo Estado. Propor isso, no entanto, seria propor uma revolução que não interessa a ninguém, nem ao povo espoliado pelo modelo estatizante que sempre prevaleceu na nossa economia. Esse modelo, sabem os economistas e historiadores bem melhor que eu, remonta a Getúlio Vargas e nunca foi substancialmente alterado. Hegemônico na esfera econômica e política, sustenta-se sobretudo na mentalidade geral, que encara qualquer proposta de modernização segundo modelos como o anglo-saxônico como neoliberalismo – noutros tempos foi entreguismo. O modelo estatizante inabalável no Brasil serve antes de tudo como instrumento poderoso de espoliação do povo.
guando foi privatizada a nossa energia aqui no rio de janeiro quem comprou foi uma estatal! e quem disse que o povo não quer uma revolução? o que temos que fazer e acabar com os ratos de gravatas.
Caro Nelson Marinho:
Sem querer, você dá razão a meu argumento. Imagine um processo de privatização que com uma mão privatiza e com a outra estatiza. É coisa de Estado brasileiro. O Estado brasileiro é fraco, quando não inexistente, onde deveria ser forte, isto é, na promoção de uma real democracia social. Trocando isso em miúdos, garantindo direitos básicos e acesso a serviços básicos que há muito são moeda corrente em toda democracia moderna. Nosso Estado não fiscaliza nem os botequins. De outro lado, em nome de uma ideologia nacionalista e estatizante retrógada, ele é um gigantesco agente econômico atuando em defesa de grupos que há séculos detêm o poder, garantindo privilégios e entravando o livre desenvolvimento das forças produtivas. O pior, como sugeri, é que a maioria do povo confere meios ideológicos à manutenção do Estado patrimonialista e interventor que sempre tivemos.