O que pode manchar a imagem pública de uma grande empresa como a Petrobrás? A crítica, a denúncia e os alertas dos equívocos e descaminhos da sua gestão? Ou, antes, são estes equívocos e descaminhos (para dizer o mínimo) que estão prejudicando o desempenho econômico e comprometendo o reconhecimento público da corporação brasileira? Claro que a imprensa divulga e critica, e não poderia ser diferente o papel dos órgãos de comunicação do país. Claro que a oposição explora politicamente os fatos e dados e é para isso que, felizmente, temos uma oposição no Brasil. O silêncio e a anestesia dos dois terminaram com o fim da ditadura de triste memória. A presidente da Petrobrás teve um gesto democrático de prestar informação e debater no Senado com respeito pelas criticas, algumas vezes muito duras e tentando responder como gestora da grande empresa. Inaceitáveis, contudo, são as tentativas de esconder os fatos e dados com o velho discurso de desqualificação da informação da imprensa e da critica da oposição, pretensamente para preservar a imagem da empresa. O principal culpado das dificuldades da Petrobrás não é a imprensa, não é oposição nem mesmo a presidente da grande corporação. O principal culpado é o governo que utiliza politicamente a empresa – empresa de capital aberto com 573 mil acionistas – para represar as pressões inflacionárias. A Petrobrás é a única empresa petroleira do mundo que perde dinheiro quando o preço do petróleo sobe no mercado internacional; simplesmente porque, ao contrário da fanfarronice de Lula comemorando em 2006 a autossuficiência do Brasil, a Petrobrás importa muito petróleo, e compra caro a preços internacionais e tem que refinar e vender barato os combustíveis. Com defasagem de preço estimada em 20%, a Petrobrás tem dificuldades de financiamento do enorme investimento necessário para exploração das reservas, inclusive do comemorado pré-sal.