Prefácio por Umberto Eco.
“Um dia escrevi: Quando os homens não acreditam mais em Deus, isso não se deve ao fato de eles não acreditarem em mais nada, e sim ao fato de eles acreditarem em tudo”.
Quando minha amiga Teresa, vinda do Brasil para uma saison des vacanses, pois lá a Copa do Mundo havia sido cancelada, apresentou-me à sua revista virtual.
Fiquei pasmo com o conteúdo polêmico, psico-filosofo-político, gerados em uma província daquele país e não entendi alguns incongruentes dislates, incompatíveis com a seriedade daquele veículo de comunicação de massas sob o título Livre Pensar.
Esclareceu a minha querida amiga brasileira que os editores admitiram aquelas postagens justamente para tentar contrabalancear a sobriedade dos seus colaboradores e comentadores habituais.
Informou que, no entanto, não estava dando certo pois os seus milhares de leitores não acompanhavam aqueles contrassensos, pastiches de um verdadeiro pensador o Sr Millôr Fernandes. Como não perco a chance nem a minha indignação disse-lhe que imaginava ser algo parecido como o execrável Dan Brown que virou best-seller chupando tudo do meu Pêndulo.
Ante o olhar atônito de Teresa esclareci que me referia ao meu livro “O Pêndulo de Foucault” e não outras partes oscilantes de minha anatomia.
Mal Teresa havia partido recebo um e-mail do indigitado colaborador da Será? pedindo esclarecimentos sobre a minha obra. Stufo, respondi que ele fosse procurar no Google, último apanágio dos néscios.
Prefácio do autor.
Recebi um ultimatum dos editores dando uma última (claro!) chance para o Livre Pensar. Os milhares de leitores desta Revista não liam ou ignoravam o Livre Pensar. Vamos tentar mais uma vez, disseram, ante minha relutância por vaidade ofendida e por falta de assunto. O editor JR sugeriu várias coisas dentre elas um peremptório – escreva sobre Foucault. Então a ligação caiu, como vem acontecendo para gáudio dos que são contra todas as privatizações fiquei na dúvida.
Queria texto sobre o Pêndulo ou sobre o Michel Foucault, o pensador francês, homenageado por Eco – o Umberto e não a ninfa castigada por Hera para ficar se repetindo, como eu?
Eu havia lido o Pêndulo, saltando páginas confusas pois este não é escorreito, linear como o “Nome da Rosa”; de Michel, li apenas, por identificação e admiração a Erasmo, o “Histoire de la folie à l’âge classique”, além de artigos e umas entrevistas quando ele esteve no Brasil, nos anos setenta, no período de chumbo.
Fiquei com vergonha de ir ao Google após um iracundo e desforrado e-mail do italiano -e não da Ninfa- para não escancarar a minha nescidade.
Assim, só me resta livre pensar ignorando Eco e caído em Michel.
Para Foucault, a escola é uma das “instituições de sequestro”, como o hospital, o quartel e a prisão. “São aquelas instituições que retiram compulsoriamente os indivíduos do espaço familiar ou social mais amplo e os internam, durante um período longo, para moldar suas condutas, disciplinar seus comportamentos, formatar aquilo que pensam etc.”. Com o advento da Idade Moderna, tais instituições deixam de ser lugares de suplício, com castigos corporais, para se tornarem locais de criação de “corpos dóceis”. A docilização do corpo tem uma vantagem social e política sobre o suplício, porque este enfraquece ou destrói os recursos vitais. Já a docilização torna os corpos produtivos. A invenção-síntese desse processo.
Educação.
Desde que o Brasil acabou com a saúva, e não vice-versa, a maior unanimidade é achar que sem educação este país não sairá do brejo. Aécio, Dilma e Eduardo (notem a ordem alfabética e nenhuma tentativa de demostrar meu voto) concordam. Eu também. Mas como atingi-la universalmente. Via escola? Qual escola?
Hoje com toda a ciência, inclusive a social, essas instituições, em tese, não são como antanho lugar de punição, de suplício para a referida moldagem, mas lugares para a “docilização”
O meu Word não reconhece esta palavra, mas ela está grifada em texto de Foucault: “A docilização do corpo tem uma vantagem social e política sobre o suplício, porque este enfraquece ou destrói os recursos vitais. Já a docilização torna os corpos produtivos.”
Será? É caso de perguntar à rapaziada que quebrava os cinemas vendo Rock Around the Clock, aos mascarados do não vai ter copa e aos dissidentes dos Sindicatos de Motoristas.
Aprendi ontem que o significado de escola em grego é “lugar de ócio”. A fonte é confiável;” Diretas Coquetel, Grande Titá 305, pág. 29, 2014”
Acho que Domenico De Masi andou estudando o seu gregozinho e que uma nova pedagogia deveria lê-lo, bem como a Foucault.
Tá todo mundo louco, ôba.
Tem Copa não tendo. A presidenta aprovou, não aprovou, aprovou ou, digo melhor, não aprovou e não sabia; Joaquim Barbosa vai se aposentar, ôba…
Se algum outro néscio, como eu, topar pode ir acrescentando.
Será que Foucault leu Machado de Assis ou ouviu a deliciosa música de Sílvio Brito, http://www.vagalume.com.br/silvio-brito/ta-todo-mundo-louco.html ?
Será que ele, Michel e não Silvio, em passagem pelo Brasil, viu o filme de Leon Hirszman sobre a psiquiatra, antipsiquiatria, Nise da Silveira, a doce alagoana da Urca?
Com o que está rolando e com clientes inadimplentes pensei em voltar à terapia, mas será melhor tomar uma bolinha? Tem umas joínhas, joínhas, pois já tomei e estou desmamando.
O meu terapeuta é meu amigo e parceiro, Seu Michel? Ou será um tecnocrata do saber. Fala Michel:
Vou ou não vou? Me diga Seu Michel! E ele disse:
“O exercício de poder que se desenrola no interior da sessão psicanalítica devia ser estudado — e nunca foi. E o psicanalista — ao menos na França — se recusa a isso. Considerando que o que se passa entre o divã e a poltrona, entre o que está deitado e o que está sentado, entre o que fala e o que quer tirar uma soneca, é um problema de desejo, do significado, da censura, do superego, problemas de poder no interior do sujeito, mas nunca questão de poder entre um e o outro.”
Vôte, ôba!
VC É PSICANALISTA???
Eliezer:
Eu? Não. Vôte! Não sou dos que sentam e cochilam, mas dos que deitam e pagam,além de ter amigos e amigas do povo Psi com quem converso nos botequins da vida.Devo confessar que passei dois carnavais lendo Freud, mas, desculpe, na coleção da IMAGO
Na cama, após docilizar o corpo de meu amor, só posso parabenizá-lo pelo,texto.
O texto, bem construído, nos possibilita divagar sobre várias questões e temas. Cito, como exemplo, frase de Bertold Brecht “Apenas quando somos instruídos pela realidade é que podemos mudá-la”. Nossas realidades muitas vezes nem mesmo a conhecemos, escondidos que ficamos atras de nossos biombos da soberba, vaidade, ignorância, descaso, entre outros. Nesses casos realmente precisamos de nossos terapeutas para nos apresentem nossas realidades. Lembro-se de uma história infantil “O Rei está nú” ( conto de fadas de autoria do dinamarquês Hans Christian Andersen, inicialmente publicado em 1837), onde uma criança chama a atenção de todos que o Rei estava nú. Somente aquela voz inocente e verdadeira descobriu aquilo que ainda não tínhamos querido descobrir. Por ser tema relevante, apresento Editorial do Jornal Folha de São Paulo de 25/09/2013, com o seguinte texto, que não nos preocupou muito na época, mas agora, passa a ser uma arma a descoberto, na medida que o Governo se propõe a estabelecer marcos e regulamentos, que podem incluir ou influenciar nossas maneiras de nos expressar, dizendo a verdade, como disse a criança da Fábula:
“Se o Brasil não espiona os EUA –o país mais poderoso do mundo–, as agências de inteligência brasileira são incompetentes.”
A frase é de John Allen Gay, um dos editores da revista americana de relações internacionais “The National Interest”, e foi publicada ontem em seu microblog na internet durante conversa pouco amistosa com o jornalista Glenn Greenwald, autor de reportagens sobre o sistema de espionagem dos EUA.
Com franqueza e a simplicidade de 140 caracteres, Gay resumiu o problema subjacente às denúncias contra a NSA (Agência de Segurança Nacional): na medida da capacidade técnica, todos os países tendem a se valer da espionagem para proteger seus interesses.
Daí não decorre, porém, que os EUA não possam ou não devam ser criticados por procedimentos ora tornados públicos. Muito menos que possam ou devam desenvolver ferramentas para investigar virtualmente todo e qualquer cidadão ao redor do globo.
É difícil traçar uma linha clara no campo do pragmatismo internacional, mas é fácil perceber que os Estados Unidos ultrapassaram qualquer fronteira razoável.
A presidente Dilma Rousseff acertou, portanto, ao usar boa parte de seu discurso na 68ª Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, para criticar os EUA pelo monitoramento de ligações telefônicas e e-mails de brasileiros, incluindo comunicações da Petrobras e da própria Presidência da República.
Descritas pela imprensa internacional como “contundentes”, “virulentas”, “fortes” ou “ásperas”, as palavras de Dilma não trouxeram, a rigor, mudanças em relação ao que ela própria já havia dito ou feito, como suspender a visita de Estado aos EUA, que ocorreria em outubro. Ganharam evidente peso, no entanto, por terem sido pronunciadas na sede da ONU.
Para além da retórica indignada, Dilma afirmou que defenderá propostas para um marco civil multilateral sobre o uso da internet. A ideia, segundo a presidente, é criar regras para “evitar que o espaço cibernético seja instrumentalizado como arma de guerra”.
Não há dúvidas de que, em tese, seria bem-vinda uma regulação desse tipo. É pouco provável, contudo, que o objetivo seja alcançável –basta ressaltar que conflitos de interesses têm impedido que o próprio Brasil aprove legislação semelhante no ambiente doméstico.
Como se não presidisse o país acusado de violar direitos humanos e liberdades civis, Barack Obama discursou logo depois de Dilma, conforme o protocolo. Em resposta indireta, disse apenas ser preciso equilibrar as preocupações de segurança com as de privacidade. Preferiu tratar de outros temas, sobretudo do Oriente Médio.
Obama sem dúvida sabe que Dilma tem razão. Mas, como na fábula “A roupa nova do rei”, de Hans Christian Andersen, o mais provável é que ele continue impassível.
Eliezer:
Eu? Não. Vôte! Não sou dos que sentam e cochilam, mas dos que deitam e pagam,além de ter amigos e amigas do povo Psi com quem converso nos botequins da vida.Devo confessar que passei dois carnavais lendo Freud, mas, desculpe, na coleção da IMAGO