Que pa?s desgra?ado ? este – social e politicamente -no qual os candidatos disputam o voto prometendo conceder favores e benef?cios individuais aos eleitores, e n?o medidas para o desenvolvimento nacional? Socialmente, porque persistem as car?ncias que levam o eleitor a conceder seu voto aos seus benfeitores imediatos; politicamente, porque o Brasil continua convivendo com esta explora??o eleitoral da mis?ria. Muda o tipo de benef?cio e sofistica-se a forma de distribui??o. N?o mais concess?o de telhas ou de dentaduras. Agora ? a promessa de concess?o de um 13? do benef?cio do ?Bolsa Fam?lia?. Depois de mais de dez anos de implementa??o deste programa, e das repetidas declara??es do ?milagre? da inclus?o social, n?o seria razo?vel esperar que, ao contr?rio, ningu?m mais precisasse tanto deste benef?cio adicional? E que, portanto, nenhum candidato tentaria sensibilizar o eleitor com esta promessa?
Mas o Brasil continua com 13,8 milh?esde fam?lias precisando de uma modest?ssima assist?ncia (em m?dia R$ 177,00 mensais) para sobreviver.N?o parece uma demonstra??o do fracasso da distribui??o de renda como pol?tica social, e de que, portanto, faltam a??es e medidas estruturadoras para acabar com a mis?ria neste pa?s? Na verdade, demonstra que, ao contr?rio dos mitos propagados pelo lulismo, n?o s?o a assist?ncia social e a distribui??o de renda (por mais que sejam justas, e at? necess?rias, no curto prazo)que geram inclus?o social. A inclus?o social se d?, principalmente, atrav?s da economia, com a gera??o de emprego e a amplia??o da renda da popula??o. E, de forma mais permanente, atrav?s da educa??o p?blica de qualidade, para igualar as oportunidades sociais e preparar a popula??o para o mercado de trabalho. Como assist?ncia social, o ?Bolsa Fam?lia? ?, antes de tudo, uma forma de conserva??o da pobreza, nunca um instrumento para o combate e a elimina??o da pobreza. Mas mis?ria d? voto. Para os pol?ticos populistas, ? bom que a mis?ria n?o acabe, porque permite construir mitos e comprar voto bem barato.
Como a mis?ria persiste no Brasil, aparecem os candidatos com essa promessa de 13? do benef?cio. Imposs?vel n?o ver em tal promessa um mecanismo disfar?ado (nem tanto) de compra de voto. Pode ser justo e necess?rio, embora suficiente apenas para conservar a pobreza e moderar um pouco do seu sofrimento. Mas essa promessa em plena campanha eleitoral ? uma enorme manipula??o, uma clara tentativa de compra do voto dos miser?veis. Pernambuco tem 1,15 milh?es de fam?lias beneficiadas pelo ?Bolsa Fam?lia?, o que representa em torno de 3,7 milh?es de pessoas, ou quase 39% da popula??o (aproximadamente, portanto, 40% dos eleitores). O benef?cio ? ridiculamente baixo, mas o ganho de um m?s a mais dessa migalha sensibiliza e pode ganhar o voto desses milh?es de miser?veis. Ent?o, que viva a mis?ria!
? verdade que esta pol?tica da mis?ria tem sido praticada no Brasil em todos os tempos, e por quase todos os candidatos. Nem por isso ? menos conden?vel. Al?m de mostrar que, lamentavelmente, a mis?ria continua no Brasil. A promessa do 13? do ?Bolsa Fam?lia? ? uma forma institucionalizada de manipula??odos eleitores pobres, e com enorme abrang?ncia, utilizando o cadastro dos benefici?rios do programa para chegar aos eleitores dispostos a trocar seu voto por um benef?cio imediato. Esta pol?tica da mis?ria continua, tristemente, presente no jogo eleitoral do Brasil. Na verdade, ? a express?o maior da mis?ria da politica brasileira, rasteira, med?ocre, fraudulenta e imediatista.
Eis um país que deveria estar à procura de uma refundação, Sérgio. Só não me pergunte como. No momento em que acabo de ler seu desabafo/diagnóstico, sai mais uma pesquisa. O histriônico hospitalizado, tem 26%. Ciro e Haddad, somados, dividem o mesmo número em partes iguais. No terceiro pelotão, a despeito do tempo de televisão de Geraldo, lá vem ele com Marina com um dígito cada. É desalentador. Que alquimia poderá resultar daí para que não estejamos condenados àquele famoso passo à frente de quem já está a centímetros do abismo? É da cadeia e da UTI que emanam as vozes majoritárias. Algo de muito grave fizemos. Abraço, FD
Um artigo perfeito de Sérgio Buarque. Não há o que tirar nem por. Só compartilhar a indignação.
É um desalento.
O último que sair, por favor, apague luz…