Em reunião recente com a bancada do seu partido, o PSL-Partido Social Liberal, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, afirmou que “o poder popular não precisa mais de intermediação” porque as midias sociais permitem uma ligação direta entre o eleitor e seus representantes. Ele foi eleito assim, com interação direta com os eleitores através das novas tecnologias de comunicação, por cima dos partidos e apesar da desconfiança dos meios de comunicação. Ganhou a eleição sem intermediação, mas não poderá, nem deverá governar sem as diversas instâncias de mediação com o eleitorado, esta entidade difusa, imprecisa e heterogênea, parte da qual, diga-se de passagem, não aprovou suas propostas para o Brasil. Esta relação direta do líder com o povo (outra abstração imprecisa) chama-se populismo, de triste e lamentável história em todo o mundo e também no Brasil. A democracia exige mediações, requer um sistema de representações baseado num parlamento que expressa a complexidade econômica, social e política do país, e onde devem ocorrer as negociações e as decisões relevantes para o Estado. A maioria dos brasileiros delegou o poder a Bolsonaro atraída por um discurso vago e genérico de combate à violência e à corrupção, recheado com algumas afirmações pontuais tão discutíveis quanto complicadas. Mesmo que a maioria dos brasileiros tenha aprovado tais ideias, a sua execução exige uma negociação política, que passa pelos representantes de uma nação diversificada e complexa. O Congresso Nacional é a melhor expressão das diversas caras do Brasil, dos múltiplos interesses e visões de mundo, e também o espaço dessa negociação política. Além do mais, o Congresso conta com uma estrutura de apoio e análise técnica para orientar as decisões políticas, que pode moderar e conter os impulsos voluntaristas do presidente da República. O sistema democrático e representativo cria as mediações políticas e técnicas que, felizmente, não permitem que o futuro do Brasil seja definido através de uma troca de whatsapps do Presidente com a sua base eleitoral.
Sobre o autor
Postagens Relacionadas
Postagens recentes
-
O ódio político no Brasilnov 15, 2024
-
Quem mentiu: Trump, Putin ou The Washington Post?nov 15, 2024
-
The Book is on The Tablenov 15, 2024
-
Todo mundo vai ao Circonov 15, 2024
-
Ainda Estou Aqui, O Filmenov 15, 2024
-
Última Páginanov 15, 2024
-
Almodóvar Desdramatiza A Mortenov 8, 2024
-
Trump 2.0 pode incendiar o planetanov 8, 2024
Assinar Newsletter
Assine nossa Newsletter e receba nossos artigos em seu e-mail.
Alcides Pires A Opinião da Semana Aécio Gomes de Matos camilo soares Caruaru Causos Paraibanos civilização Clemente Rosas David Hulak democracia Editorial Elimar Nascimento Elimar Pinheiro do Nascimento Eli S. Martins Encômio a SPP Estado Ester Aguiar Fernando da Mota Lima Fernando Dourado Fortunato Russo Neto Frederico Toscano freud Helga Hoffmann Ivanildo Sampaio Jorge Jatobá José Arlindo Soares José Paulo Cavalcanti Filho João Humberto Martorelli João Rego Lacan Livre pensar Luciano Oliveira Luiz Alfredo Raposo Luiz Otavio Cavalcanti Luiz Sérgio Henriques manifestação Marco Aurélio Nogueira Maurício Costa Romão Paulo Gustavo Política psicanálise recife Religião Sérgio C. Buarque Teresa Sales
comentários recentes