Encômio a SPP
Em meados do século XX Monteiro Lobato decretou: ou o Brasil acaba com as saúvas ou as saúvas acabam com o Brasil. Sobrevivemos. Mas não é certo que sobreviveremos ao ataque das novas saúvas, a corporação dos servidores privilegiados dos três poderes e do MP. Este em plena guerra contra a reforma, vazando informações a conta-gotas sobre o caso Flávio-Queiroz, para desgastar o governo. Difícil o país não ir para o brejo com uma turma deste quilate.
Em momentos de desastres, sobretudo criminosos, como o de Brumadinho, sobra cinismo entre os políticos, é a opinião de Djair, o feirante da vila. ‘Viram o que Renan disse? É um cínico”. Renan divulgou em seu Twitter que a diretoria da Vale deveria ser suspensa. O pessoal do bar da vila, que não é político, prefere que eles sejam presos e seus bens pessoais bloqueados.
E basta bloquear bens de uma empresa que tem desastres atrás de desastres, não toma as medidas necessárias para proteção das pessoas e do meio ambiente, e não indeniza corretamente os atingidos, como está ocorrendo no desastre de Mariana? Se quisermos evitar novos desastres, a saída começa com a prisão dos dirigentes da empresa responsável, melhoria radical na fiscalização, desativação e desmontagem das barragens antigas e perigosas, e construção de barragens com engenharia mais moderna, em locais apropriados.
O presidente da Vale declarou que a empresa vai, em três anos, desativar todas as barragens a montante de rios. Se tivesse tomado esta decisão na época de Mariana, há três anos e meio, não existiria o atual desastre. Firmino, o vendedor de pamonha, desconfia: “Será? Ver para crer”.
As bobagens do governo Bolsonaro são tantas que Gabeira, o prudente, se pergunta: a direita tem consistência para dirigir um país tão diverso?
Aqueles que querem colocar fogo no prédio porque não gostam do síndico estão culpando o atual presidente pelo novo desastre do rompimento de barragem em Minas Gerais. Difícil de acreditar em uma estupidez como essa. Culpados são os dois presidentes pretéritos, o ex-governador de Minas Gerais e, sobretudo, os dirigentes da Vale, que se dizem consternados.
O bar ficou agitado quando Tenório, o filósofo popular, declarou em alto e bom som – que não é seu costume assim falar – que as pessoas se preparassem para a guerra. “Que guerra, disse Maria, a costureira, o Brasil só entrou em guerra nos anos 1940. E assim mesmo, lá longe”. “É a guerra contra a Venezuela, Maria”. O povo não entendeu, e Zezinho, dono do bar, com sua bela pança, exclamou: “Guerra com a Venezuela? E quem ganha com isso”? “Todos, Zezinho, todos”, disse Tenório. O Maduro precisa de uma guerra para unir o país, e se manter no poder, e Bolsonaro, no final do ano, precisará de uma guerra para reduzir a oposição”. Só se escutou um silêncio estrondoso. Pode ser a maior calinada do século.
Não tem dúvida, fomos alçados ao status de país desenvolvido. Além de termos uma direita assumida, e vitoriosa, vamos entrar em uma guerra global, com a presença dos Estados Unidos, Rússia e China, como na Síria. Esta é a ideia de meu vizinho da direita sobre os desdobramentos da crise Venezuelana. Será?
O governo Bolsonaro acaba de completar um mês de governo, mas dá a impressão de estar há um ano. As divisões internas estão formadas. No campo internacional, o colecionador de frases feitas, Ernesto Araújo, quer radicalizar o jogo com a Venezuela. Os militares são contrários. Caso haja guerra são eles que pagam. E as forças militares venezuelanas são similares em homens às brasileiras, mas melhores em armamento. O pessoal do Moro, com os militares, quer que o Presidente abandone o filho com as maracutaias em que se meteu. Mas o pessoal do “deixa disso”, leia-se políticos tradicionais, não concorda. Além do mais, o presidente não terá convalescência pós-operatória. Desentendimento com o vice?
Ninguém gosta mais de um impeachment do que um militante do PT. Passaram o governo de Collor e de FHC apresentando pedidos de deposição dos presidentes. Alguns petistas já falam em impeachment do Bolsonaro. Segundo Maria, a costureira, são aqueles que, por não gostarem do síndico, querem botar fogo no prédio. “Vamos deixar primeiro o homem governar, depois o julgaremos”, diz ela.
Todo ministério muda após o primeiro ano. Às vezes, antes. A aposta em Brasília hoje é quem será o primeiro a cair. A maioria vota no Onyx, o desajeitado, com suas calinadas na condução das eleições nas duas casas do Congresso. Opõe-se à eleição do candidato favorito na Câmara, aliás de seu partido, e apoia declaradamente um membro do seu partido, sem quaisquer chances, no Senado, além de viver se batendo com o vice-presidente e com o superministro da economia. Ademais, alguns acham que ele foi muito rápido em declarar que o governo não interferirá na Vale. Soou suspeito.
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