Sérgio C. Buarque

Palhaço estupefacto.

Nos seus descontrolados discursos e mensagens quase diárias, o presidente Jair Bolsonaro agride o Brasil com uma interminável lista de posições e propostas descabidas e absurdas sobre assuntos que não conhece, e sem medir suas consequências politicas e diplomáticas. Ele foi eleito presidente da República, mas continua se comportando como o medíocre e irresponsável deputado, declarando e propondo o que lhe vem à cabeça, tão limitada quanto antiquada e insensata. “Já ouviu a última de Bolsonaro?, perguntam-se os amigos, citando as mais recentes declarações estapafúrdias do homem que deveria dirigir a nação. Infelizmente, o que poderia ser piada é um grosseiro e persistente ataque ao bom senso e à razão, coleção de disparates que compõe um “Festival de Absurdos que Assolam o País”, que nem sequer tem o humor do FEBEAPÁ – Festival de Besteiras que Assolam o País, organizado por Stanislaw Ponte Preta com os ridículos dos censores e delegados da ditadura militar. Os mais velhos lembram: “Estreou no Teatro Municipal de São Paulo a peça clássica ‘Electra’, tendo comparecido ao local alguns agentes do DOPS para prender Sófocles, autor da peça e acusado de subversão”.

Nesta semana, o presidente se superou. Numa única frase, conseguiu cometer três graves agressões ao bom senso e à responsabilidade pública. Apresentou como nova motivação para indicar seu filho para a Embaixada dos Estados Unidos a busca de parceria para a exploração dos minérios em áreas indígenas demarcadas no Brasil. Como se fosse pouco o absurdo de pretender explorar minérios em áreas indígenas já ameaçadas pelo garimpo ilegal, o presidente deseja entregar essa missão a empresas norte-americanas. Para esta tão difícil negociação com os gringos, não precisaria mesmo de um embaixador competente, bastaria Eduardo Bolsonaro, com seu inglês macarrônico e sua experiência na fritura de hambúrgueres.

Na sua mais recente barbaridade verborrágica, Bolsonaro agrediu o presidente da OAB, Filipe Santa Cruz, com alusões desrespeitosas à imagem do seu pai, Fernando Santa Cruz, jovem militante de esquerda preso, torturado e assassinado em 1974 nos porões da ditadura militar, cujo corpo está até hoje desaparecido. Segundo depoimento de um ex-delegado do DOPS, o corpo de Fernando Santa Cruz foi incinerado no forno de uma usina de açúcar em Campos dos Goytacazes. Além da forma debochada e grosseira como trata caso tão sensível da história do Brasil e, particularmente doloroso para o atual dirigente da OAB, o presidente da República demonstra uma lamentável intimidade com a violência da ditadura militar, quando diz saber, por vivência própria, como desapareceu Fernando Santa Cruz.

O presidente Jair Bolsonaro envergonha o Brasil com suas declarações estapafúrdias e ameaça a estabilidade e o desenvolvimento nacional com suas propostas despropositadas sobre meio ambiente e direitos humanos, demonstrando total despreparo para governar a nação. Não fossem os projetos  de reforma do Ministério da Economia que, diga-se de passagem, avançam apesar do desinteresse e mesmo da resistência do presidente, o Brasil já teria mergulhado no caos e na anomia social. Jair Messias Bolsonaro faria um grande bem à nação brasileira se voltasse à sua insignificância política, quando compunha o baixo clero da Câmara de Deputados, de onde poderia continuar soltando sua verborreia leviana e insensata, sem comprometer o futuro do Brasil.