Editorial

O desastre ambiental provocado pelas manchas de óleo no litoral do Nordeste, com consequências negativas para o principal destino turístico da região, evidencia a fragilidade do sistema de segurança naval do Brasil. Mais de um mês após a propagação do óleo em 138 pontos, numa extensão de mais de 800 quilômetros de praias do Nordeste, o mistério continua em relação às causas e aos responsáveis. O Centro Integrado de Segurança Marítima (CISMAR), órgão da Marinha do Brasil, que tem a responsabilidade de monitoramento da movimentação de transporte naval na costa e nas águas jurisdicionais brasileiras, deveria ter condições de se antecipar a catástrofes desta envergadura, evitar e prevenir acidentes e, principalmente, deter navios piratas e cargas ilegais. Como não conseguiu se antecipar a este lamentável incidente, a esta altura, já deveria ter dados e informações suficientes para identificar a fonte do derramamento de petróleo e a responsabilidade pelo crime ambiental. Neste momento, por diferentes fontes de pesquisa, sabe-se apenas que o óleo é do tipo pesado produzido na Venezuela, e que o derramamento não foi provocado pelo naufrágio de um cargueiro. Cruzando dados sobre correntes marítimas e correntes de ar com as rotas conhecidas de petroleiros no litoral brasileiro, a Marinha está investigando 23 embarcações consideradas suspeitas, o que inclui a movimentação de navios piratas de contrabando de petróleo. O desastre ambiental já deixou um enorme prejuizo para a fauna e flora regional e para importantes atividades econômicas do Nordeste, especialmente o turismo, neste início de verão. Agora se trata de descobrir as causas e acionar criminalmente os responsáveis, incluindo cobrança de indenizações e compensações pelas perdas e danos ambientais e econômicos. Mas a principal lição que se pode tirar do triste evento é que o Brasil precisa reforçar o monitoramento e controle do tráfego marítimo nas costas brasileiras para oferecer segurança ambiental e prevenir ações criminosas e ilegais.

 

“Novas Ameaças”, como desastres ambientais, ataques de pirataria, classificação de Navios de Interesse (VOI–sigla em inglês),