Ao longo das últimas semanas, cada vez que se desenhava uma medida judicial que atingiria o cercado do Presidente Jair Bolsonaro, ele ameaçava com risco de rupturas no sistema democrático, e com afirmações do tipo “Acabou, porra” ou, mais recentemente, “A hora está chegando de tudo ser colocado no devido lugar”. Ignorando as reiteradas ameaças, o Judiciário avançou nas investigações e na ordem de prisão de aliados envolvidos nas manifestações antidemocráticas e na rede de fake news. Diante da prisão de vários suspeitos de comandar a poderosa máquina de mentira, falsificação e intimidação por parte do bolsonarismo, seguida da quebra de sigilo telefônico de alguns parlamentares aliados, o presidente elevou o tom das ameaças. A intimidação não teria mesmo efeito, e, logo depois, foram presos bolsonaristas que atacavam as instituições, incluindo o “bombardeio” simbólico ao STF-Supremo Tribunal Federal. Na linguagem intolerante de Bolsonaro e seus seguidores próximos, incluindo alguns militares, eles estariam esticando excessivamente a corda, o que poderia levar ao rompimento. A prisão de Fabrício Queiroz, nesta quinta-feira, aumentou a temperatura no entorno do Presidente da República e, com certeza, não apenas por conta do processo de “rachadinha” na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. O presidente se sente atacado pessoalmente, quando se trata, na verdade, de investigação de crimes cometidos pelos seus aliados. Porém teme, sobretudo, os desdobramentos sobre ele e seus filhos. Sequer condenou o violento ataque ao STF com fogos de artifício, porque se alimenta desta base fanática e agressiva. A fera ferida desperta instintos atávicos que podem levar a reações irracionais e inconsequentes, com grande risco para a democracia e a sociedade. Felizmente, contudo, é muito improvável que o presidente consiga apoio político e militar para uma aventura de quebra das regras e das instituições democráticas.
Sobre o autor
Postagens Relacionadas
Postagens recentes
-
A turbulência de céu clarodez 20, 2024
-
Balanço positivo de fim de anodez 20, 2024
-
Venezuela: suspense numa autocracia caóticadez 20, 2024
-
Chuquicamata, Patagônia, Índios Alacalufesdez 20, 2024
-
Com a Palavra, os Leitoresdez 20, 2024
-
Ceia Natalina, Proust e Polarizaçãodez 20, 2024
-
Última Páginadez 20, 2024
-
O acordo que pode transformar o Brasildez 13, 2024
-
Um islamismo com temperança e liberdade?dez 13, 2024
Assinar Newsletter
Assine nossa Newsletter e receba nossos artigos em seu e-mail.
Alcides Pires A Opinião da Semana Aécio Gomes de Matos camilo soares Caruaru Causos Paraibanos civilização Clemente Rosas David Hulak democracia Editorial Elimar Nascimento Elimar Pinheiro do Nascimento Eli S. Martins Encômio a SPP Estado Ester Aguiar Fernando da Mota Lima Fernando Dourado Fortunato Russo Neto Frederico Toscano freud Helga Hoffmann Ivanildo Sampaio Jorge Jatobá José Arlindo Soares José Paulo Cavalcanti Filho João Humberto Martorelli João Rego Lacan Livre pensar Luciano Oliveira Luiz Alfredo Raposo Luiz Otavio Cavalcanti Luiz Sérgio Henriques manifestação Marco Aurélio Nogueira Maurício Costa Romão Paulo Gustavo Política psicanálise recife Religião Sérgio C. Buarque Teresa Sales
comentários recentes