Luiz Otavio Cavalcanti

Agora, o Fundeb é perene. Graças a Dom Rodrigo. Rodrigo Maia. Presidente da Câmara dos Deputados. Deputado pelo Rio de Janeiro.

Este episódio tem três capítulos.

Capítulo um.

Dom Rodrigo Maia é parlamentar pela quarta vez. Experiente na arte de lidar com os colegas de Parlamento. Exerce liderança que mistura sutileza e firmeza. Trombou com o posto Ipiranga no início do governo. Quando o Planalto xingava e desrespeitava a imprensa. Passada a primeira tempestade, e com o hiato silente da covid presidencial, Dom Rodrigo ajustou ponteiros com o Ministério da Economia.

Capítulo dois.

O governo Bolsonaro queria apropriar-se indevidamente de parte dos recursos da educação básica. Para financiar o Renda Brasil. Substituto eleitoral do bolsa família. Para isso, teria que evitar o limite orçamentário do teto de gasto. E dispor de recursos fluentes de fonte estável.

Nada mais cômodo do que o Fundeb. Então, esperou a undécima hora na discussão, ocorrida na quarta-feira, 22 de julho, do projeto do Fundeb. Para apresentar outro projeto no qual camuflava o propósito de reorientar parcela dos recursos da educação básica. Para financiar vouches destinados a pagar creches privadas. Um blefe político. E um tapa social no ensino básico.

A Câmara dos Deputados não foi no embuste. Apoiada no bem montado relatório da deputada professora Dorinha Seabra Resende (DEM, do Tocantins). E respaldada na condução decente de Dom Rodrigo.

Placar do jogo: Fundeb aprovado por 499 votos a favor, e seis votos contrários. Uma lavagem.

Capítulo três.

Dom Rodrigo é filho de Cesar Maia. Ex prefeito do Rio de Janeiro. Correligionário de Leonel de Moura Brizola. Ex governador gaúcho. Depois, ex governador carioca. Na eleição para o palácio Guanabara, Cesar Maia descobriu uma maracutaia eletrônica. Que custaria a eleição de Brizola, em 1982. A tentativa de fraude ficou conhecida como o caso Proconsult.

Após esse batismo de fogo, Cesar fez sua carreira política. O filho seguiu suas pegadas. Com as lições do pai, Dom Rodrigo está consolidando perfil diverso da patifaria corrupta que assola os cariocas.

A política no Rio tem apenas um ex-governador que não pisou na prisão: Cesar Maia. O atual governador tem inquérito aberto contra si. E pedido de impeachment em tramitação na Assembleia.

Dom Rodrigo entoou, na direção da Câmara, discurso moderno. Defendeu a necessidade de se formular uma política social de combate à pobreza no país. Tem vista alongada, que vai além da curteza das indicações parlamentares.

Pois bem. Para encerrar. O governo mostrou sua hipocrisia. E ficou menor. Porque optou pela mentira para semear política assistencialista. Ao invés de apoiar inciativa contemporânea. Tornando permanentes os recursos para a educação básica.

O outro aspecto positivo do episódio é que dom Rodrigo ficou mais visível. Um político carioca diferente dos corruptos que infestam o cenário afortunado do Pão de Açúcar. De Tom Jobim, de Vinicius, de Noel Rosa, de Paulinho da Viola. E dos que, de outros brasis, torcem pela recuperação moral do Rio.

 

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