O Médico e o Monstro – autor desconhecido.

 

O mundo comemorou esta semana o início da vacinação em massa da população, por enquanto ainda limitada ao Reino Unido, aos Estados Unidos, à Rússia e ao Canadá, viabilizando a eliminação do vírus e a recuperação da economia. Uma grande vitória da ciência, excepcional demonstração da capacidade humana, conseguindo produzir várias vacinas em menos de um ano de pesquisa e desenvolvimento tecnológico.

No meio de uma nova onda de propagação do vírus no Brasil e diante de um governo contaminado pelo ativismo ideológico do Presidente da República, os brasileiros se sentem desprotegidos e percebem que ficaram para trás na luta contra o Covid-19.

Na última quarta-feira, o Presidente Jair Bolsonaro anunciou o Plano nacional de imunização, num pronunciamento surpreendentemente equilibrado e pacificador. Surpreendente porque, desde o início da pandemia, o presidente minimiza a gravidade da doença e se empenha numa campanha sistemática para despertar a desconfiança dos brasileiros na segurança e eficácia das vacinas. Pouco dias antes do anúncio do plano, ele afirmava que a pandemia no Brasil estava no “finalzinho” e no dia anterior declarou que iria exigir a assinatura de um “termo de responsabilidade” pelos que desejassem receber as vacinas, despertando desconfiança e medo na população (mesmo com a aprovação das mesmas pela ANVISA).

Embora a maioria dos brasileiros (73% da população) declarem que vão tomar a vacina contra o coronavírus, este percentual já foi de 89% em agosto, declínio que deve resultar das declarações descabidas de Bolsonaro. O Brasil vai atrasar na vacinação dos brasileiros, mesmo quando se compara com outros países da América Latina, simplesmente porque o presidente não acredita na ciência e despreza as tecnologias (excetuando as que servem para propagar mentiras) e insiste em propagar desconfiança.

O atraso, que pode levar a 18 mil mortes por mês, não será maior graças à disponibilidade das vacinas Coronavac produzidas pelo Instituto Butantã em parceria com laboratórios chineses, a mesma que Bolsonaro rejeita e que, agora, foi contemplada no Plano. Difícil confiar na implementação deste plano anunciado agora. E menos ainda na postura equilibrada e pacificadora do presidente da República.