A agressão violenta às instituições da democracia brasileira, com a invasão e a depredação simultânea do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do STF-Supremo Tribunal Federal, tem um responsável: o ex-presidente Jair Bolsonaro. Ninguém pode provar que ele mobilizou e incentivou diretamente o ataque à democracia deste domingo. Mas, como disse o Ministro da Justiça, Flávio Dino, em entrevista coletiva, Bolsonaro é o responsável político por este atentado à democracia.
Os delinquentes que violentaram os poderes da República, depredaram as instalações, os equipamentos e até obras de arte das três instituições foram formados na escola de ódio e intolerância política e nos discursos fascistas alimentados por Jair Bolsonaro ao longo dos quatro anos de mandato, e mesmo antes, quando não passava de um delinquente do baixo clero da Câmara de Deputados. Nos seus pronunciamentos e nas suas atitudes, Bolsonaro promoveu uma sistemática agressão às instituições democráticas, mais de uma vez ameaçou desrespeitar o sistema democrático e convocar as Forças Armadas para um golpe, insistiu na mentira de fraude eleitoral e não reconheceu a derrota nas urnas. O seu silêncio público, após a derrota eleitoral, e a sua fuga para a Flórida, antes mesmo do encerramento do seu governo, pode esconder mensagens golpistas que alimentaram a mobilização dos fanáticos bolsonaristas e a colaboração dos seus seguidores no interior das organizações policiais e militares.
A democracia venceu, e a reação da sociedade brasileira, dos políticos, das instituições, e mesmo da comunidade internacional, impediu o golpe. Por cima dos destroços deixados pelos vândalos nas edificações que simbolizam os três Poderes, as instituições democráticas saem fortalecidas. E, o que é mais importante, o trágico evento desmascarou a verdadeira face autoritária e delinquente do bolsonarismo. O Governo, o Congresso e o STF têm agora as condições para desbaratar a conspiração, investigar a fundo as responsabilidades, identificar e punir duramente os criminosos, prender os líderes e os financiadores da extrema direita. Para a pacificação do Brasil, é necessário combinar o respeito e a convivência de todas as tendências políticas com a rejeição a todo tipo de autoritarismo e agressão às instituições democráticas.
Recife, 9 de janeiro de 2023.
O Conselho Editorial
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