Um dos pilares das democracias modernas é o respeito à diversidade. Minorias raciais, religiosas, étnicas, de gênero e sociais devem ter, por lei, os mesmos direitos e igualdade de oportunidades da maioria, esta, no caso do Brasil, fincada há séculos no topo da pirâmide das desigualdades.

O discurso de posse do Ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, é um libelo humanista do século XXI, uma inspiradora carta de princípios que nos toca como um imperativo ético. 

É também um símbolo da mudança política que a nação experimenta, deixando para trás, para o julgamento da História, os anos marcados pelo preconceito, pelo ódio, pela falta de empatia com o próximo e pela perigosa natureza autocrática, que caracterizou o governo Bolsonaro. 

Democracia, entretanto, não é sinônimo de ausência de conflitos. Pelo contrário, é espaço civilizado, institucional, para a mediação de conflitos, naturais e previsíveis, motivados até mesmo por essa diversidade. E é papel do Estado garantir o espaço e a liberdade de expressão de todos, na sua busca pela emancipação humana, onde as desigualdades de oportunidades constituem obstáculos a tal emancipação. 

A prática democrática é um desafio permanente das pessoas e instituições que compõem uma nação. É um chamamento ao exercício da tolerância dentro de cada um de nós, uma reafirmação da superação da barbárie pela civilização.  E será uma luta perdida se, juntos, Estado e sociedade, não atuarmos na superação da injustiça e da desigualdade, que vêm deixando à margem do desenvolvimento milhões de brasileiros, por várias gerações.