Criado em 1991, o MERCOSUL tem sido bem-sucedido na ampliação do comércio entre os países membros – Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai – mas está longe de alcançar um verdadeiro mercado comum que, além da abertura comercial entre os países membros, requer a livre circulação de pessoas e de capital e, o que é mais difícil, a definição de uma tarifa externa comum. Desde a sua constituição, as relações comerciais entre os países membros do MERCOSUL vêm aumentando, e hoje o comércio intrarregional é importante, principalmente para os países de menor porte. Em todo caso, nos últimos dez anos, o comércio interno do MERCOSUL (entre os países membros) tem diminuído a participação no total das suas exportações e importações. O acordo comercial tem sido muito favorável para o Brasil, exportando produtos de maior valor agregado e disputando com a China a posição de maior parceiro comercial dos outros três membros. As exportações e as importações do Brasil no MERCOSUL representam pouco no total do comércio externo brasileiro, cerca de 6% e 8%, respectivamente, mas o Brasil é o maior mercado para os produtos da Argentina e do Paraguai, e o segundo maior, para os produtos uruguaios (depois da China).

Embora exista uma complementaridade das estruturas produtivas, o que facilita o comércio intrarregional, o MERCOSUL tem um desequilíbrio estrutural, e convive com frequentes conflitos políticos e econômicos que atrapalham a integração. A diversidade econômica e as diferentes políticas macroeconômicas tendem a dificultar o aprofundamento na direção de um efetivo mercado comum. São países muito desiguais no tamanho da economia e da população, o que significa também amplitude do mercado consumidor. O Brasil concentra 72% do PIB-Produto Interno Bruto e 78,4% da população do total do MERCOSUL; e a Argentina, segundo maior país, tem um PIB menor que o da cidade de São Paulo, e uma população praticamente igual à do Estado de São Paulo. A economia do Uruguai representa 2,7% do total da região, e a do Paraguai alcança apenas 1,7% do PIB do MERCOSUL. 

A este desequilíbrio estrutural somam-se problemas conjunturais e conflitos políticos que emperram o fortalecimento e, principalmente, a ampliação do MERCOSUL. Começa com a insistência do Brasil na defesa da Venezuela e do seu retorno ao acordo comercial, que conta com uma forte rejeição do Paraguai, e principalmente do Uruguai, crítico duro da ditadura de Nicolás Maduro. De sua parte, o Uruguai está empenhado na negociação de um acordo comercial com a China, prometendo assinar o protocolo, mesmo que não seja acompanhado pelos outros países membros, questionando os pilares de um bom acordo comercial. Enquanto isso, o Paraguai é um forte aliado de Taiwán, sendo um dos poucos países do mundo que reconhece e tem relações diplomáticas e comerciais com aquele país asiático, para grande incômodo da China. E as negociações com a União Europeia, grande mercado consumidor do planeta, estão emperradas por conta de novas exigências dos europeus, rejeitadas pelo Brasil, e não devem avançar no futuro imediato, até porque é muito evidente a má vontade do presidente Lula da Silva com a Europa. E o MERCOSUL vai se arrastando como uma simples, limitada e desajeitada área de livre comércio.