El Prestidigitador - El Bosco

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A aprovação da reforma tributária pelo Senado, nesta semana, é um acontecimento de enorme relevância para a economia brasileira, simplificando o caótico sistema tributário e reduzindo a insegurança jurídica, que devem reduzir o Custo Brasil, aumentar a eficiência da economia e, desta forma, estimular a ampliação dos investimentos. As empresas vão diminuir os custos com a gestão tributária e o próprio governo poderá enxugar as estruturas fazendárias que são atualmente necessárias para lidar com um sistema desordenado. Em relação ao impacto na economia, os especialistas não convergem nos números, mas todos concordam que a reforma tributária deve aumentar o potencial de crescimento da economia brasileira. A Expert XP estima a elevação do potencial de crescimento para algo em torno de 1,8% ao ano, podendo chegar até 2,5% anuais. 

Além disso, a reforma tributária acaba com a guerra fiscal, na medida em que os impostos passam a ser cobrados no destino, impedindo a concessão de incentivos para atrair empresas produtoras. A implementação das novas regras tributárias será lenta, e são comtempladas medidas para não romper os incentivos já concedidos pelos Estados, até para evitar um conflito jurídico. 

A reforma foi o resultado de uma complicada engenharia política, para administrar os conflitos distributivos entre entes federativos e entre diferentes setores e ramos produtivos, com suas especificidades e avaliações de impacto, mas também com diferentes poderes de influenciar politicamente nas decisões. As negociações partiam de dois princípios básicos: não alterar a carga tributária (não subir, porque a economia não aguenta, nem baixar porque o Estado brasileiro é muito caro); e assegurar a neutralidade distributiva, de modo que nenhum ente federativo ou setor da economia saia perdendo. 

Os conflitos distributivos foram, no final das contas, remetidos para as exceções aprovadas na Câmara de Deputados e ampliadas agora pelo Senado, muitas exceções que jogam novas complicações no sistema e, o que é mais grave, forçam a elevação da alíquota de referência para um patamar alto. Ou seja, quem não estiver incluído nas exceções vai pagar muito mais imposto. O Ministro Fernando Haddad, da Fazenda, já anunciou que, com este conjunto de exceções, a alíquota de referência deve subir para 27,5%, na medida em que foram cedidas alíquotas baixas (e até zero, em alguns casos) para determinados bens e serviços.