Guerra

Guerra

Guerra dentro de casa. Chego da rua. Café Tomo. Vou à janela. Ouço o silêncio de final de domingo. O Capibaribe corre célere sua várzea. Ligo uma TV. Um cenário do inferno de Dante. O sétimo círculo do inferno. Edifícios destruídos. Sirenes tocando. A jornalista trancada num bunker. Intervalo. Um hiato de respiro. Pessoas saem à rua. Vágam. Como se estavam tontas. Congeladas no fogo do medo.

Uma página de Dostoievski?

De repente, no visor da televisão, uma fresta. Clara. Claridade. É manhã. A madrugada cedeu lugar ao sol. Nasce um novo dia. Nova chance. Uma flor no breu. Uma metáfora de vida no meio de mortes. Um aceno de futuro. Aviso do devir. Moto contínua. Assim é. Trazendo até esperança. A televisão mostra as cores que são balanço das horas. Pintura do tempo. Quando o cotidiano se torna insuportável, resta a arte.

Os amarelos de Van Gogh?

O outro lado do mundo. O outro lado da vida? Estamos no mesmo mundo? Corremos o mesmo risco? Estamos no mesmo barco? Embarcar ou não? O mesmo temor? O mesmo amor? Ou igual desamor? O mesmo céu? A mesma lua? Mera luta?

O concerto 9 de Dvorak? Intitulado O novo mundo . Será?

Uma profecia? Um devaneio? Um adágio lançado ao Homem.